Cuba, hoje

No Brasil desses dias, raramente se ouve falar de Cuba, a não ser na acepção pretextual de referência daquilo que não dá certo. Cuba é um dos motes para principiar uma crítica à visão esquerdista de mundo. Entretanto, como está Cuba agora? E por que ela está do jeito que está? Confesso que a situação […]

Por Israel Minikovsky 13 min de leitura

No Brasil desses dias, raramente se ouve falar de Cuba, a não ser na acepção pretextual de referência daquilo que não dá certo. Cuba é um dos motes para principiar uma crítica à visão esquerdista de mundo. Entretanto, como está Cuba agora? E por que ela está do jeito que está? Confesso que a situação de Cuba é bastante crítica. Nos últimos dias antes de deixar o cargo, Donald Trump assinou mais de 150 sanções contra a ilha caribenha. São não apenas sanções comerciais, mas ainda bancárias. Esta informação é importante, haja vista que, no mundo atual, a rápida quitação ou recebimento de valores respeitantes a transações várias é uma questão de vida ou morte. A pedido do próprio governo colombiano, Cuba intermediou um debate entre as duas alas políticas da Colômbia, governistas e guerrilheiros farquistas. Ela prestou esse serviço diplomático como área neutra, como alguém que procurou contribuir para a resolução pacífica e justa de um dilema que impacta a vida de milhões de irmãos latino-americanos. E por conta dessa gentileza, os EUA resolveram “classificar” Cuba como país terrorista, o que lhe instala num local repleto de embargos econômicos, além dos já aludidos acima. A situação é preocupante. Porque, doravante, quem negocia com terrorista, leia-se, Cuba, torna-se terrorista como ela. Não poderíamos deixar de falar na pandemia do covid-19. Se o vírus atingiu todas as economias do globo, em Cuba o impacto foi bem maior. Isto porque, uma das atividades mais importantes do país em comento, é o turismo. Despiciendo nos alongarmos, mencionando o cancelamento de viagens e a procrastinação dos lazeres. O turismo não apenas movimenta a economia cubana, mas lhe presta o favor de amealhar a moeda norte-americana, tão necessária no comércio internacional. Não poderíamos deixar de referir o corte do programa Mais Médicos, com a eleição de Jair Messias Bolsonaro. Parte substancial dos vencimentos desses profissionais iam para o governo cubano, como legítimo direito de um poder que tomou a cautela de investir em ciência, tecnologia e capacitação humana. Logo menos, estaremos com o mesmo programa, sob a nova denominação Mais Saúde para o Brasil. O presidente de Cuba, neste momento, é Miguel Díaz-Canel. Ele está ciente de que a crise econômica do presente, a maior em décadas, pode gerar uma crise política incontrolável. Então é hora de os países presididos por governos de esquerda, socorrerem os camaradas da América Central. Março deste ano também assinala os vinte anos da Guerra do Iraque. A guerra teria sido deflagrada sob a desculpa de os iraquianos estarem produzindo armas de destruição em massa. O que engloba não só armas nucleares, mas biológicas e químicas também. Terminada a guerra, ninguém localizou o suposto arsenal. A verdade é que a fúria do irmão do norte se deveu à tentativa de Saddam Hussein querer cotar o petróleo em euro. A história tem mostrado que não é fácil converter um país do oriente médio numa democracia ocidental numa tapetada. A ideia de disseminar a democracia é boa. Mas assim como não adianta socialismo sem democracia, a democracia não prosperará, onde, da noite para o dia, começa-se a fingir que o Alcorão é uma literatura de menor importância, ou que o socialismo não passa de uma página virada da história. Ser realista, é aceitar as condições dadas de um território, sobre as quais se objetiva promover algum tipo de ingerência. A presunção de que o espaço do outro é um espaço “sem forma e vazio” é atestado incontroverso de síndrome de húbris.