Escritor São-Bentense publica obra sobre “História da África”
Por Ricardo Benito Aproveitando o simbolismo do dia 13 de maio, o escritor são-bentense Cléverson Israel Minikovsky está publicando sua quadragésima segunda obra que, desta vez, tem como alvo de atenção o continente africano. A obra que se constitui de 477 páginas, na verdade, é uma edição resumida da publicação da UNESCO, “História Geral da […]
Por Israel Minikovsky 18 min de leitura
Por Ricardo Benito
Aproveitando o simbolismo do dia 13 de maio, o escritor são-bentense Cléverson Israel Minikovsky está publicando sua quadragésima segunda obra que, desta vez, tem como alvo de atenção o continente africano. A obra que se constitui de 477 páginas, na verdade, é uma edição resumida da publicação da UNESCO, “História Geral da África”. Todavia, enquanto a obra mais extensa, que serviu de base para o resumo, espraia-se ao longo de mais de oito mil páginas, esta que vem a público priorizou a máxima condensação, no bojo das informações imprescindíveis para a compreensão da matéria. O autor pontua que Mariano Soltys, outra grande figura de nossa cultura conterrânea, deu-lhe muito apoio moral. A propósito, a prefaciadora da obra, vem a ser Barbara Soltys, esposa do mencionado intelectual. Ela é natural da Bahia, capital, e tem um olhar sobre este tema, com certeza, completamente diferente daquele próprio de um catarinense, por exemplo. Fica muito abstrato se falar em alteridade, um conceito filosófico, se em nível antropológico ou histórico você sequer sabe quem é este outro.
Ricardo Benito (JL): O que lhe inspirou devotar-se ao tema que hoje toma corpo de livro?
Minikovsky: Pois bem, sou brasileiro e sei que no Brasil a população que se declara negra ou parda é maioria, ou seja, ultrapassa a metade. Este dado quantitativo, por si só, já justificaria a pesquisa/estudo. Nunca é demais recordar que a antropogênese é africana, isto é, o homem surge como espécie na África. Apesar da mudança de conjuntura após a Segunda Guerra Mundial, ainda temos uma visão eurocêntrica do planeta, mas raramente se fala que a África foi o continente mais importante por ao menos quinze mil séculos.
Ricardo Benito (JL): Mas a obra é meramente narrativa? Além de dispor os assuntos em ordem cronológica, há algum outro tipo de intencionalidade?
Minikovsky: Excelente pergunta! Pois então, ainda existe uma visão estereotipada do continente. A própria terminologia é inadequada. Não é certo falar em “África branca” e “África negra”. Não devemos achar que o que há de bom na África é, necessariamente, obra de pessoas caucasoides e que os povos nativos sejam passivos. Há milênios, e este processo perdura hodiernamente, o que há é intensa miscigenação. As comunidades tradicionais da África desenvolveram conhecimentos e tecnologias próprios, de modo que nós importamos estes saberes. A arqueologia faz prova do que estou a falar. Muitas comunidades prosperaram no sentido de criar sistemas políticos e sociais duradouros. E, acima de tudo, a independência dos países africanos foi obra dos autóctones, capitaneados pelo luzeiro de formidáveis mentes africanas, intransigentemente africanas.
Ricardo Benito (JL): Como o Brasil e o mundo olham, neste momento, a África?
Minikovsky: Nós, brasileiros, precisamos entender que a contribuição das diversas etnias, de afra-ascendência, que partilham conosco o espaço querido da pátria, supera, em muito, a religiosidade, a culinária, a linguística, e a simpatia que veio a ser a marca da nossa gente. A África é a grande provedora de matérias-primas do globo. O sistema capitalista é universal, e por fazer parte disso, a África impacta a vida de todos nós. Os economistas são unânimes no sentido de reconhecer que, o continente africano, é o que tem o maior potencial, em se tratando de crescimento do capitalismo. E já que estamos a falar de capitalismo, pontuo que o apoio da extinta URSS foi ponto-chave na maturação dos processos políticos que redundariam na independência. Ainda que a maior parte das experiências socialistas na África tenha malogrado, a influência soviética despertou as massas continentais do seu sono profundo.
Ricardo Bentito (JL): Para finalizar…
Minikovsky: No continente africano se assistiu à sucumbência do cristianismo, sobretudo no norte do continente, e prevaleceu o islamismo. Eu penso que a África vê os missionários cristãos com desconfiança porque, no fundo, pregamos o Evangelho e vivemos qualquer outra coisa, menos a proposta de Jesus Cristo. Tão importante quanto anunciar o Evangelho é ter a grandeza de saber conviver com quem pensa diferente. Precisamos fazer prevalecer uma cultura de tolerância e respeito no planeta. O respeito ao próximo é um dos mandamentos centrais da Boa-Nova. Nem o modo de pensar e nem o fenótipo do outro podem servir de pretexto à rivalidade e separação. Precisamos lutar contra todas as modalidades de Apartheid (calcadas nas categorias de classe social ou de fundo biológico) e disseminar uma mentalidade antirracista e radicalmente ética. A obra está disponível na plataforma de vendas em: www.clubedeautores.com.br ou pode-se lançar o nome do autor “Cléverson Israel Minikovsky” no navegador e o pesquisador será remetido à página de referência.