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Filme “A Queda” e a pulsão de morte

Nesse setembro amarelo vemos cada vez mais a luta pela vida, a luta contra o fim antecipado da vida. No caso, o filme “A Queda” mostra escaladores se divertindo e superando altas montanhas, arriscando a vida e vivendo fortes adrenalinas. é marca do adolescente e jovem viver a adrenalina, aproveitar a dopamina e outros hormônios […]

Por Mariano Soltys 8 min de leitura

Nesse setembro amarelo vemos cada vez mais a luta pela vida, a luta contra o fim antecipado da vida. No caso, o filme “A Queda” mostra escaladores se divertindo e superando altas montanhas, arriscando a vida e vivendo fortes adrenalinas. é marca do adolescente e jovem viver a adrenalina, aproveitar a dopamina e outros hormônios prazerosos e algo que estava do outro lado: o desejo quase inconsciente de que a vida se suspenda. 

O que parece ser esporte radical, pode esconder o tema psicológico da pulsão de morte. O psicanalista Sigmund Freud chamava essa pulsão de morte de Thanatos, que é uma espécie de deus contrário ao da vida, ao Eros, ao amor. O amor leva para a vida, leva para se querer viver. A vida gera mais vida. No filme isso parece não acontecer, mas o esporte radical escondia um desejo contrário ao de curtir a vida. 

No filme se percebe o caso de uma jovem adepta de escaladas, mas que perdeu o marido em um acidente, nesse esporte. Ficou assim um ano sem ter vontade de viver, tentando até tomar remédios em alta dose.Quando uma amiga, a mesma que acompanhava no caso do acidente, assim convidando para uma nova aventura: escalar a maior torre existente, em torno de 600 metros! Assim de começo a jovem viúva não aceita a aventura, mas depois de pensar, acaba aceitando. 

Voltando a Freud, o caso está no Ego em lidar com certas questões, como destruição interna, que acaba se projetando para o externo. Mas o esporte radical também revela esse Ego, que quer ser maior, que desafia com o Super Ego, o seu pai interno, e também dá muito campo para o prazer, o Id, um instinto mais infantil. Percebe-se no filme essa marca infantil na amiga da protagonista. 

Por fim, o filme acaba sendo uma lição sobre a conservação da vida, mesmo no símbolo da morte, que eram os abutres, superados e mesmo devorados, pelo ser humano que pode buscar a vontade de viver, a que também outro filósofo falava. Arthur Schopenhauer.  A vida deseja ter filhos, gerar mais vida, viver mais e mais, e assim a morte não tem lugar. O filme A Queda é uma indicação nesse Setembro Amarelo. Filme visceral e intenso, uma corda de filósofo Nietzsche em Assim falou Zarathustra, um viver perigosamente. 

Mariano Soltys, filósofo e advogado