Reality “Surviving Paradise” e a luta de classes
Do mesmo estúdio produtor do Círculo, Studio lambert, o reality novo mostra pessoas que começam no luxo e iates, para após chegarem a realidade do programa, que se desenrola com provas e votos, em um perfil democrático e um tanto equitativo, levando a justiça ao modo dos participantes, nas escolhas de quem fica na vila […]
Por Jornal Liberdade 9 min de leitura
Do mesmo estúdio produtor do Círculo, Studio lambert, o reality novo mostra pessoas que começam no luxo e iates, para após chegarem a realidade do programa, que se desenrola com provas e votos, em um perfil democrático e um tanto equitativo, levando a justiça ao modo dos participantes, nas escolhas de quem fica na vila luxuosa, insiders, ou quem vai para a selva, outsiders. Assim como em Círculo, os integrantes interagem e se socializam, formando grupos, elaborando estratégias e estando na classe superior, a que chamam vila, ou na selva, a que se tem de viver sem banho, escova de dente, confortos, dormindo em rede ou em sacos.
Concorrendo ao prêmio de 100 mil dólares, passando ao final sendo em 200 mil dólares, ou mesmo 250, dependendo, de modo a se lutar de forma maquiavélica para ser finalista nas provas e votações. O desafio no paraíso não esconde as serpentes de tentação, e a primeira que cai nesse sentido é a que manipula e quer se tornar líder, no caso Thabita. Há quem forme um casal, envolto de paixão, como a Taylor e Shea, onde um destes tira a oportunidade do outro de ser finalista. Há quem use um óculos de fundo de garrafa para gerar pena ou a imagem de bom moço, e outros participantes simpáticos e espertos.
Semelhante a sociedade capitalista descrita em filosofia do materialismo histórico, a luta de classes se mostra presente nesse reality, onde a classe superior quer se manter no luxo e conforto, enquanto a classe dos exilados planeja um modo de subir de classe e ir para a vila luxuosa, apesar da alienação de discursos como ser altruísta, ser fiel a equipe, ouvir choro de amiga que diz ter maior motivo para ganhar o prêmio, e tantas outras estratégias. A alienação mantém as classes divididas, e quem mora no exílio na realidade dificilmente sairá da classe vulnerável, e quem é burguesia continua na burguesia. Mas no jogo tudo é mais fácil.
No final aqueles que já estavam na “vila”, continuam e são votados para ver quem é o vencedor. Daqueles que estão exilados, também se voltam para um deles apenas subir de classe social. Mesmo assim, a democracia vence e todos votam na pessoa que mais merece ganhar, e assim os que se viam como “líderes”, acabaram perdendo para a amiga da favorita, Linda Okoli, que acabou vencedora, dividindo ainda com a amiga. A expectativa era se o Shea ganhasse, se este iria dividir com a namorada, mas não acabou levando o prêmio. Surviving Paradise é um dos melhores reality, apesar da sobrevivência se resumir a comer feijão e arroz, o que os brasileiros já fazem no cotidiano.
Mariano Soltys, professor e advogado