Terra de Centenários
Dia 20 de novembro de 2023, o prefeito Antonio Joaquim Tomazini Filho homenageou os centenários de nosso município. A plêiade é composta por cinco integrantes. E a decana da turma é a senhora Maria Adelina Branco Xavier, nascida em 19 de outubro de 1917, portanto com 106 anos de idade. É praticamente um milagre alguém […]
Por Israel Minikovsky 16 min de leitura
Dia 20 de novembro de 2023, o prefeito Antonio Joaquim Tomazini Filho homenageou os centenários de nosso município. A plêiade é composta por cinco integrantes. E a decana da turma é a senhora Maria Adelina Branco Xavier, nascida em 19 de outubro de 1917, portanto com 106 anos de idade. É praticamente um milagre alguém ter nascido aos dias da Revolução Russa e se fazer presente entre nós. Aquele que é autor do próprio tempo e baliza o calendário usado no mundo todo, a pessoa bendita de nosso senhor Jesus Cristo, assegurou: “Eu vim para que todos tenham vida, e a tenham em abundância”. A palavra de Deus se cumpre, sem ressalvas. Deus é todo-poderoso para fazer acontecer seus desígnios. Creio que essas vidas, que testificam a bondade do Autor da Vida, vêm a ser uma alegria para toda a comunidade. O ser humano, simbólico por definição, sempre se põe em busca de referências. Como é saudável poder contar com os avós, além daquilo que os pais representam para uma pessoa em desenvolvimento. A homenagem foi extremamente conveniente e oportuna, não só do ponto de vista político. É toda a comunidade que está de parabéns, pois ninguém morre sozinho e ninguém vive sozinho. Precisamos adquirir o hábito de cuidarmos uns dos outros. E esse cuidado deve principiar antes mesmo da concepção. As pessoas de idade avançada são a prova viva de que todos somos achacados pelas circunstâncias, mas nem por isso devemos nos deixar abater. Quantas vezes vemos pessoas jovens desistindo da vida. Porém, não há mal que sempre dure. A persistência e a perseverança são a chave da existência. As pessoas homenageadas, outrossim, fazem prova de que o trabalho não mata ninguém (desde que em atividades insalubres e de risco se observem os petrechos de proteção). O trabalho dá saúde ao corpo. O ócio, este sim, é prejudicial. Aconselho, aos amigos historiadores, entrevistarem as pessoas a que estamos nos referindo, pois elas são um precioso arquivo. A chamada “história oral” vem ganhando cada vez mais espaço, dentro e fora da academia. E, isto, não sem razão. Deixar de realizar este trabalho de transcrição é cometer uma das piores formas de desperdício, o desperdício da experiência. Reconhecer que pessoas com este perfil etário existem, já é um começo. Entretanto, para além disso, o Executivo Municipal deve cogitar sobre o que pode ser oferecido a quem se acha nessa condição. Dentro de todas as políticas, e inclusive na de saúde, mas não apenas nela. Quem atravessa a linha dos cem anos de vida, recebe promoção, deixa de ser, simplesmente, uma pessoa, para tornar-se uma personalidade, uma celebridade. Os hábitos de vida, e toda a biografia das pessoas longevas, devem ficar registrados, para fins de estudo. Se o tripé da universidade é ensino, pesquisa e extensão, estes casos são excelentes objetos de pesquisa, sendo, de igual modo, bem-vindo um projeto de extensão que envolvesse estas pessoas. Queria eu ter um vizinho centenário, pois, não é como dizem, que aprendemos por observação e imitação? Apraza a Deus, estejamos ladeados por pessoas super idosas em número cada vez maior. Essas pessoas não são um peso, são uma bênção. Como é bom perfazer o trajeto, e olhar para trás, verbalizando os mesmos dizeres de Paulo de Tarso: “Corri a boa corrida, combati o bom combate”. Nunca antes tivemos tantos recursos na área de saúde humana, refiro-me a toda espécie de instrumentos, aparelhos, processos, terapias, medicamentos. Tudo isto é louvável. Entrementes, nada disto substitui algo da maior importância: a sabedoria de vida. Mais convém a sabedoria do que o conhecimento. Quem consegue discernir os enigmas da existência pelo viés espiritual, bem sabe que a vida longa é a coroa da prudência e do comedimento. É paradoxal, no entanto, os que aqui mais se demoram, são justamente aqueles que compreendem que o aqui-agora é uma breve passagem. Não só o Poder Público, mas toda a sociedade deve se preparar para acolher os “novos idosos”. Expandida a perspectiva de vida, a metodologia de planejamento deverá ser adequada aos novos marcos de referência. Estamos felizes em nos depararmos com – copiando a expressão empregada no púlpito por um pregador de nossa cidade – “um problema agradável”. Deveras, de todos os problemas, este é um dos melhores, senão o melhor. Centenários são estrelas luzentes!