Mais uma volta no autódromo da vida
O que é um ano? Ele é um circuito composto por 365 dias. Os mais felizes chegam a percorrer essa circularidade mais de uma centena de vezes. O ano é o ciclo menor, que participa do ciclo mais amplo, a duração total dos dias da nossa vida nesse planeta. Gerações se vão, gerações vêm, a […]
Por Israel Minikovsky 15 min de leitura
O que é um ano? Ele é um circuito composto por 365 dias. Os mais felizes chegam a percorrer essa circularidade mais de uma centena de vezes. O ano é o ciclo menor, que participa do ciclo mais amplo, a duração total dos dias da nossa vida nesse planeta. Gerações se vão, gerações vêm, a Palavra de Deus permanece. Vivemos a dispensação compreendida entre a primeira e a segunda (e derradeira) vinda do Cristo. O Redentor da humanidade é o sentido e o escopo da História. Para Dele fazermos memória, celebramos seu nascimento ou encarnação, uma vez ao ano, mais precisamente, em 25 de dezembro. Humanamente falando, estou em paz com minha consciência ou comigo mesmo. Qualquer que tenha sido o resultado a que cheguei, a verdade é que eu batalhei muitíssimo ao longo de 2023. Eventual frustração no atingimento de resultado nada tem a ver com o relaxamento dos meios empregados ou com os esforços demandados. Entretanto, estou ciente de que o trabalho ou estudo são importantes, sem, contudo, esgotar o que devemos fazer. O muito fazer, sem espiritualidade, conduz ao vazio. Assim como não devemos espiritualizar coisas que, em essência, dependem de nossa dedicação, não devemos cair no extremo oposto, apostando todas as fichas no próprio protagonismo, deixando Deus de lado. O natal é essa data importante, que serve para nos recordar de que os maiores mandamentos são adorar a Deus acima de tudo e amar ao próximo como a si mesmo. Uma vida retida nos limites da horizontalidade ou imanência, além de enfadonha, conduz ao desespero para quem é um ser senescente, ou seja, todos nós. Batalhar pelo conforto da família e constituir algum patrimônio são de grande valia, pois até mesmo a vivência de uma determinada fé exige condições materiais mínimas, mas isto não é o tudo, não é o todo. A dupla natureza que atravessa o ser humano reivindica uma dupla escala de valores. Entre essas escalas deve haver uma harmonia, como uma parelha de bois, que deve estar alinhada para que o carro ofereça segurança aos seus utentes. Quando dirijo minha atenção a Deus, sei que o computador no qual escrevo este texto, o mundo e o meu próprio corpo não existem, mas finjo que eles continuam existindo. Quando trabalho, estudo e interajo socialmente, até parece que tudo se resume à objetividade, à empiria, mas muito embora a massividade do mundo sugira não existir Deus, sei que Ele está em toda parte, conhece tudo o que faço e o que penso. O Deus-Homem é marcado por essa dualidade. Deus se esvazia de sua divindade, glória e dignidade para se fazer um de nós. Pode haver amor maior do que esse? Sim, Ele é consequente até a morte de cruz. Todavia, este é um assunto para a Páscoa. Deus conhece a condição humana. Ele nos mostra que o caminho da santidade é percorrível. Tudo o que cabia a Deus fazer, já foi feito. Agora, cabe a nós abrirmos as portas do coração e da alma para que Cristo nasça em nós. A boa-nova é esta: um novo Moisés nos foi dado, muito superior ao primeiro. Já não se trata apenas da passagem da escravidão para a liberdade, mas da morte para a vida. Os cegos enxergam, os mudos falam, os surdos ouvem, os leprosos são purificados, os coxos andam, os endemoninhados recobram o perfeito juízo. Os destinatários da mensagem da salvação são os mais pobres, os oprimidos. O poder temporal é dobrado, para que prevaleça o Reino de Deus. Deus fisicamente presente no mundo é novidade de vida, jeito novo de pensar e sentir. O império da morte foi derrotado. Se não for possível superar o passado, ele deve ser ressignificado a partir da compreensão da mensagem divina. Não há nó que Deus não consiga desatar, e o que Ele fecha, ninguém abre. E para poder acessar toda essa graça e toda essa bênção, Deus exige algo simples, simples, de nós: a fé. E para ser bem exato, quem padece de alguma dificuldade de aceitar a Revelação das Sagradas Escrituras, aconselho que se ponha a estudar o Texto Santo. O muito esforço de compreensão será premiado com entendimento e a fé que acompanha o intelectual honesto. Que o natal de 2023 seja entendido como a oportunidade de se achegar a Deus e ter um relacionamento íntimo com Ele, Ele que é uma pessoa igual a nós, alguém que curte um bom café e aqueles assuntos de divã de psicólogo. Feliz natal! Um natal muito luminoso!