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Extrema direita em ascensão e a possibilidade de retrocesso autoritário no Brasil

No Brasil, o reflexo da política mundial

Por Cauan 10 min de leitura

O mundo enfrenta uma agonia decorrente do agravamento da crise do capitalismo, marcada por disputas energéticas e guerras monetárias, comerciais e bélicas, resultando em pobreza, morte e extinção de povos e culturas. A destruição impacta o ambiente, ameaçando a vida na terra, e revela uma estratégia global da extrema direita, que associa nacionalismo, autoritarismo e neoliberalismo para estabelecer Estados ultraliberais ou teocracias neoliberais.

O sucesso da extrema direita é evidenciado pela eleição de populistas autoritários como Benjamin Netanyahu, Viktor Orbán e, mais recentemente, Javier Milei. Essa ofensiva transnacional conservadora, unindo religião e política, utiliza redes sociais e igrejas pentecostais e neopentecostais para disseminar valores ligados a uma ordem moral judaico-cristã fundamentalista. No Brasil, além de estar ligada à eleição de Bolsonaro, contribui para aumentar a tensão e a violência política, desacreditando as instituições democráticas. A pesquisa da Unicamp e da USP revela aprofundamento das debilidades democráticas, com alteração da ideia de democracia e esvaziamento de valores democráticos.

A rejeição às instituições democráticas cria um terreno fértil para o populismo, enfraquecendo as bases institucionais da democracia. A ultradireita introduz valores próprios, especialmente por meio das lideranças religiosas de igrejas pentecostais e neopentecostais, que crescem no país. Líderes religiosos ocupam espaço na política, e partidos de direita conquistam poder em todos os níveis de governo, ampliando sua influência em conselhos de políticas públicas. Com perseverança, pastores e líderes religiosos agem para consolidar um imaginário social fundamentado na teologia da prosperidade e na doutrina do domínio, ligadas ao neoliberalismo.

A teologia da prosperidade, originada nos EUA na década de 1940, exalta a bênção financeira como desejo divino para os cristãos. A teologia do domínio, propagada no Brasil a partir de 2009, busca reconquistar sete esferas de influência social para reconstruir o planeta com base em valores cristãos. Ambas estão conectadas ao neoliberalismo, conforme destacado pelo sociólogo e teólogo Gedeon Freire de Alencar. A pós-verdade, característica contemporânea, enfatiza interpretações e versões de fatos em detrimento da verdade factual, favorecendo lideranças autoritárias.

Enquanto a extrema direita busca hegemonia ideológica global, a resistência conjunta da centro-esquerda e esquerda não é evidente. A analogia com o Angelus Novus de Walter Benjamin retrata a sociedade sendo arremessada para o futuro, com olhar no passado e pés presos nas ruínas, sem articular uma resistência coletiva contra o autoritarismo em escala internacional.

Dados: jornalistaslivres.org