Política mundial
A direita europeia venceu as eleições na Alemanha, na França e na Itália, os países mais importantes do bloco. Emmanuel Macron, por essa razão, fazendo uso de suas prerrogativas de presidente da República, dissolveu o parlamento francês, crente de que na nova eleição serão empoderados políticos de viés ideológico diferente da primeira composição, essencialmente de […]
Por Israel Minikovsky 16 min de leitura
A direita europeia venceu as eleições na Alemanha, na França e na Itália, os países mais importantes do bloco. Emmanuel Macron, por essa razão, fazendo uso de suas prerrogativas de presidente da República, dissolveu o parlamento francês, crente de que na nova eleição serão empoderados políticos de viés ideológico diferente da primeira composição, essencialmente de direita. A depender do resultado das urnas, em 4 de julho a França contabilizará quatro primeiros ministros em menos de dois anos. Não devemos perder de vista que os empoderados nas urnas determinam não só as diretrizes internas de um país, senão fazem uso de sua faculdade de representante dos cidadãos em nível continental, no parlamento europeu. É certo que uma maioria de direita impacta vários assuntos importantes. A imigração é um desses temas. Os europeus, no geral, não querem ser anfitriões para estrangeiros despossuídos, que se submetem a qualquer regime de trabalho. Isto é ainda mais válido para estrangeiros islâmicos e para oriundos da África. O ingresso da corrente migratória achata salários e causa desarranjos sociais, dada a dificuldade de integração dos recém-chegados. Existe um sentimento recíproco de falta de pertença entre autóctones e alóctones. Outro tema caro é o do meio ambiente. Justamente num momento em que assistimos a eventos climáticos extremos em todas as partes do globo, há um negacionismo crescente. Os desenvolvimentistas compreendem que a fatura ambiental é muito dispendiosa, podendo ela ser procrastinada para o futuro. E não poderia deixar de mencionar, a guerra na Ucrânia. Sabemos que a direita está alinhada com os Estados Unidos da América e com a OTAN. Todavia, mesmo o mais rançoso direitista começa a desconfiar que não vale à pena investir em armas e outros recursos bélicos, haja vista que essa conta, em última instância, deve ser liquidada pelos cidadãos civis. Para completar meus comentários, menciono o Reino Unido, o país europeu fora da Europa. Depois de acordar o Brexit, decisão que sucedeu intermináveis discussões, o reino já dá mostras de não estar convicto da escolha entabulada. A rainha Elizabeth II morreu em 8 de setembro de 2022, e o rei Charles III, além de estar doente, não é nem um pouco popular. Fosse isto pouco, Escócia e Irlanda do Norte querem se tornar independentes, havendo previsão de organização de plebiscito ou referendo. A ideia seria unir as duas Irlandas. A pressão nos Estados Unidos da América, no Brasil, na Argentina, na Europa, no leste europeu, onde acontece o conflito russo-ucraíno, das forças de direita em desfavor de suas antípodas, exibe a disputa pelo domínio econômico do mundo. Especialmente no tocante a petróleo, gás e reservas de metais preciosos, estratégicos para o desenvolvimento de tecnologias da informação. Eu penso que nisto o Brasil está acertando: fizemos tanto da China quanto dos Estados Unidos os nossos grandes parceiros comerciais. Como dizia nossa avó, “nunca coloque todos os ovos na mesma cesta”. Mesmo que se confirme a hegemonia da direita em nível global, é provável que haja um intenso trabalho para a superação do presente conflito israelopalestino. Se muitas lideranças não hesitam passar por cima de vidas humanas para alcançar suas metas de riqueza e poder, violência pela violência, mortes por mortes, não levam a nada, ao invés, prejudicam a economia local, impactando a economia global. Alguns líderes globais, como Putin e Netanyahu, e para exemplificar com um caso parecido aqui na América Latina, Maduro na Venezuela, entram numa espiral sem retorno, ou seja, precisam prolongar o conflito e postergar a tratativa de paz, em nome da permanência no poder, e o que mais, a preservação física da própria vida. Com todas essas mudanças, o mundo diminui de tamanho, “cada um no seu quadrado”. Entretanto, nada impedirá que a economia mundial tenha como capitãs China e Índia, ficando os Estados Unidos da América com a terceira posição, cabendo ao Brasil o não desprezível pódio dos dez maiores. Para quem padece na tentativa de entender o movimento pendular entre direita e esquerda, ou nada dessume dessa oscilação aparentemente inexplicável, sói apresentar um modelo de comportamento político altamente ilustrativo: quem há não muito tempo entrou nos Estados Unidos e auferiu a legalização, agora vota nos republicanos. Dito de outro modo: “Eu já estou dentro, fechem-se as fronteiras, porque quem não quer dividir agora sou eu!”.