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Racha das Forças Armadas

Nos últimos meses, ou anos, temos testemunhado eventos políticos, econômicos, sociais e bélicos, no mínimo, impactantes. O que quero dizer com este apanhado, é que a tentativa de golpe, recente, no Brasil, a guerra entre Rússia e Ucrânia, a guerra israelopalestina, a consolidação do BRICS, são fenômenos interligados. O BRICS nasce como uma proposta de […]

Por Israel Minikovsky 17 min de leitura

Nos últimos meses, ou anos, temos testemunhado eventos políticos, econômicos, sociais e bélicos, no mínimo, impactantes. O que quero dizer com este apanhado, é que a tentativa de golpe, recente, no Brasil, a guerra entre Rússia e Ucrânia, a guerra israelopalestina, a consolidação do BRICS, são fenômenos interligados. O BRICS nasce como uma proposta de comércio mais vantajosa fora do eixo Estados Unidos da América e Europa. Desde o acordo de Bretton Woods, em 1944, que aquiesceu ao uso do dólar norte-americano como moeda oficial nas transações internacionais, mesmo que os dois países envolvidos não implicassem diretamente os ianques em nenhum dos polos da relação, nossos irmãos setentrionais têm sido exponencialmente favorecidos. Essa supermoeda foi o que guindou os norte-americanos à condição de maior economia global. Ser a moeda mais usada e cobiçada do mundo concede o benefício de poder se endividar à vontade, sempre em cima da expansão do crédito. Cabe informar, entretanto, que dois terços dos norte-americanos estão endividados, e a dívida pública norte-americana é muito maior do que todo o seu PIB. O BRICS nasce para desdolarizar o mundo. É por isso que Trump já ameaçou tarifar os produtos do bloco com a agressiva majoração de 100%. Imprimir dólar e, com esses papéis, importar petróleo e outras commodities, é bastante cômodo. Nas relações entre os países do BRICS não será usado dólar. Assim, por exemplo, nas relações entre Brasil e Rússia, em que serão usados reais e rublos, o Brasil receberá em rublos e a Rússia em reais. O que a Rússia fará com os reais? Eles serão usados para comprar do Brasil. O que o Brasil fará com rublos? Eles serão usados para comprar bens de origem russa. Pequim está vendendo títulos cotados em dólar norte-americano, mediante recebimento em yuans. Um dos compradores é a Arábia Saudita. Países integrantes da Iniciativa Cinturão e Rota (ICR) serão beneficiados, uma vez que poderão saldar dívidas e juros contraídos com o FMI e o BM. Essa manobra tem como efeito, para além do já mencionado, o aumento do rendimento desses mesmos títulos, para competir com os títulos chineses, e então o empréstimo no mercado interno norte-americano ficará caro, o que afetará o crescimento da economia de maneira imediata e brutal. Sinteticamente falando, é isto o que está por trás do golpe. Grande parte da elite brasileira tem o entendimento de que o Brasil é o quintal dos Estados Unidos da América. Por conseguinte, sente a necessidade de tirar do Executivo Federal os governantes que apoiam o BRICS, que é de extremo interesse de nosso país. Os norte-americanos estão assistindo à desdolarização planetária. Acrescento que, os títulos chineses, têm lastro em ouro, ao passo que, os títulos ianques, têm lastro em tôner. Com a retração do uso do dólar no mundo, ocorrerá iliquidez e insolvência, o que terá o condão de precipitar o gigante do continente americano para o fundo do abismo. O crash da bolsa de valores de Nova Iorque, em 24 de outubro de 1929, será um detalhe, comparado com o que há de vir. Evidentemente, desde que os Estados Unidos da América estão no mapa mundi, sempre que um movimento econômico global lhes desagrada, eles entram em guerra. No entanto, os russos desenvolveram mísseis que viajam a 12 mil Km/h, velocidade esta que torna inepta qualquer defesa antiaérea, dada a impossibilidade de interceptação desse corpo em movimento. A superioridade do armamento russo traz consigo alto poder de dissuasão, o que evitaria uma conflagração atômica, e, por tabela, o absoluto apocalipse nuclear. Pessoalmente, não tenho nada contra os norte-americanos. Muito pelo contrário. São filhos de Deus, como nós. O BRICS foi estruturado para que as trocas comerciais entre todos os países se tornassem mais paritárias, abolindo o esquema de exportação de matéria-prima crua dos países em desenvolvimento para os ricos, de um lado, e, por outro, a importação de bens de alto valor agregado dos países de centro. A discussão não é como os Estados Unidos devem ser tratados. Todos os países são dignos de respeito. A questão é que, nós, brasileiros, temos de priorizar os interesses do Brasil. Querem usar os Estados Unidos de exemplo? Ora bem, os norte-americanos são extremamente pragmáticos. Sejamos pragmáticos, nós, também. A escola de guerra dos altos oficiais das Forças Armadas do Brasil situa-se em Washington. Isso explica porque os militares se dividem no respeitante à manutenção ou ruptura da ordem democrática. O que está em jogo é o interesse dos seus professores. Uma relação não sinalagmática não vale à pena ser praticada. Devemos estar abertos a todos, inclusive aos norte-americanos. Por que não? A liberdade não é para todos os povos? Responde-me, ó Estátua da ilha!