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Reino de Deus

Se existe um tema que transpassa a Bíblia de Dã a Berseba, ou falando mais claramente, do princípio ao fim, este tema é o Reino de Deus. Ele seria o governo de Deus aqui na terra. Contudo, insta-me esclarecer que, em desacordo com muitos pregadores, não interpreto essa ideia como uma teocracia, tal como já […]

Por Israel Minikovsky 12 min de leitura

Se existe um tema que transpassa a Bíblia de Dã a Berseba, ou falando mais claramente, do princípio ao fim, este tema é o Reino de Deus. Ele seria o governo de Deus aqui na terra. Contudo, insta-me esclarecer que, em desacordo com muitos pregadores, não interpreto essa ideia como uma teocracia, tal como já experimentamos, algumas vezes. A Idade Média ocidental foi teocrática, o Islã, mesmo contemporaneamente, se empenha para estabelecer teocracias. Esse mundo foi criado para nós, homens. E o homem foi criado para penalizar o erro de satanás. Somos menores que os anjos, mas semelhantes ao nosso Criador. E o livre-arbítrio foi dado ao homem para que ele pudesse decidir com quem quereria se alinhar, com Deus, ou com seu inimigo. O ser humano, então, administra mal sua liberdade e elege o pecado. Ele decai de sua santidade e imortalidade, é expulso do Éden. Mas com o homem também cai toda natureza. A meta, portanto, agora, é voltar ao status quo ante. Por conseguinte, passa a convir a reforma individual de cada um, e após, a reforma do mundo sob o comando de um representante de Deus. Ocorre que, os clérigos, estão sujeitos às mesmas vicissitudes que os pastoreados. Jamais teria havido a Revolução Russa, por exemplo, sem a permissão de Deus. O partido ateu obteve a condescendência divina, como medida de justiça, diante de omissão severa do altar e do trono. Os escândalos de parlamentares e ministros evangélicos sinalizam a debilidade da noção de que, o Reino de Deus, acontecerá empoderando politicamente as lideranças religiosas. É bem verdade que o cristão é convidado e desafiado a fazer a diferença no mundo, inclusive participando ética e ativamente da política. Entretanto, a política é uma metodologia para o cristão, e não um fim em si mesmo. Quando o Reino de Deus for restabelecido, a própria natureza, e não só o homem, será reerguida. Por isso que o profeta fala que, o leão comerá palha como o boi, e a criança colocará a mão na toca da cobra e esta não lhe fará mal. Nos salmos, em alguns deles pelo menos, Israel, as nações de toda terra e toda a criação, são convidados a entoar louvores ao Todo-Poderoso. A leitura atenta das Sagradas Escrituras me leva a crer que, no Reino de Deus, não haverá um Poder Judiciário absolutamente justo, pelo contrário, sequer haverá necessidade de juízes e tribunais. Não haverá Casa da Moeda, pois o profeta diz “vinde comer de graça e beber sem pagar”. A humanidade é devedora aos franceses da revolução que cindiu Estado e Igreja. O Reino de Deus deve estar dentro de nós e não dentro de prédios públicos. Marx dizia que, quando o socialismo estivesse definitivamente implantado, o Estado deixaria de existir. Em minha ótica, o Estado desaparecerá com a superveniência total do Reino de Deus. Ninguém mais precisará do Estado, visto que não mais teremos órfãos, viúvas, estrangeiros e pobres. O fim da história e dos tempos será assim: abriremos mão não só do pecado, mas até mesmo do próprio alvedrio que nos foi outorgado, pois estaremos cientes de que, qualquer coisa que peçamos a Deus, ficará aquém daquilo que Ele próprio reservou para nós. Sendo a política a arte de bem escolher, o Reino de Deus coincide com a renúncia das faculdades eletivas do espírito. Luz!