A Proclamação da República e o hype militar
Passamos nessa quarta pelo feriado referente a Proclamação da República, de modo que comemoramos esse dia em relação a esse fato, que segundo alguns historiadores teria sido um golpe militar republicano. De qualquer modo, o Brasil na época passava por algum questionamento político e assim se exilou o D. Pedro II, bem como havia se […]
Por Jornal Liberdade 13 min de leitura
Passamos nessa quarta pelo feriado referente a Proclamação da República, de modo que comemoramos esse dia em relação a esse fato, que segundo alguns historiadores teria sido um golpe militar republicano. De qualquer modo, o Brasil na época passava por algum questionamento político e assim se exilou o D. Pedro II, bem como havia se passado pela guerra do Paraguai, que resultou em grande fato histórico, também chamada da guerra da tríplice aliança. Mas hoje ao se presenciar um jovem em plano de uma carreira exitosa, aconselhar a carreira militar é uma boa pedida. Quem está no Exército, está bem, ainda mais quando já entra oficial. República significa res publica, ou coisa pública, levando que nós cidadãos somos donos da coisa pública.
O povo sempre mostrou uma certa admiração exagerada pela situação militar, e mesmo recentemente buscou um governo mais militarizado. Com os “vultos nacionais”, começando possivelmente pela República e Deodoro da Fonseca, dentre outros, os heróis foram construídos e mantidos em datas comemorativas, nomes de ruas, dentre outras homenagens. Na verdade, a república já era buscada nas revoltas regionais que levaram para a Independência, como no nordeste, Pernambuco, na Inconfidência Mineira e mesmo na Revolução Farroupilha, mais ao sul do Brasil. Não era tão novidade. Já somava o iluminismo e o positivismo, que eram correntes filosóficas mais progressistas, em oposição a religião, ou mesmo a escolástica. Com isso o pensamento militar conversava, chegando a algum historiador se referir que sempre governaram o Brasil. Isso foi mais ainda perpetuado nas disciplinas de escolas, como nos Estudos Sociais, bem como na Educação Moral e Cívica, em que os heróis militares e fatos não tão realistas eram estudados em escolas, a fim de sempre firmar a qualidade militar, que governaria até anos 80. O positivismo para quem não lembra, foi uma filosofia de Auguste Comte, a que defendia uma espécie de evolução histórica para a ciência, ficando a religião para o passado, sem importância. Apesar que o positivismo tem a igreja positivista. Já o iluminismo veio todo alimentado da Revolução Francesa, bem como da influência dos EUA, a que também o país demonstrou sempre uma busca pela luz da razão, talvez mais presente na estátua da liberdade, por aqui igualmente influente até hoje, em loja de atacado famosa regional.
Na verdade os militares foram infiltrados ou dominados por sociedades secretas, a que daí se levam a independência, e depois a proclamação da república, que não foi um movimento popular, mas sim de militares, bacharéis, intelectuais etc. Um desses grupos secretos é citado pelos historiadores como a Bucha, a que veio de influência de fraternidades alemães (burschenschaft), que hoje ainda também existe versão semelhante nos EUA, as fraternidades universitárias, com letras gregas ou como a Skull, de onde vieram presidentes como Bush e outros, e que por aqui surgiram também vários presidentes da fraternidade equivalente, brasileira. Sobre alguns desses grupos comentei no meu livro Sociedades Secretas Desconhecidas. O “povo” que fez a Proclamação da República era desses grupos. No Brasil esse poder veio de bacharéis de Direito, de médicos e outros, além dos militares. Mas hoje a carreira a se indicar para a juventude, é a militar, haja vista grande perspectiva de progresso financeiro e reconhecimento social, respeito do povo e abertura de portas.
Mariano Soltys, advogado e historiador