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Álcool causa 2,6 milhões de mortes todos os anos

Saúde

Por Gilmar dos Passos 14 min de leitura

O consumo de álcool e drogas psicoativas tem um impacto significativo na saúde pública global. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o consumo de álcool é responsável por aproximadamente 2,6 milhões de mortes anuais, representando 4,7% de todas as mortes no mundo. Além disso, o uso de drogas psicoativas é responsável por cerca de 600 mil mortes por ano. Esses dados foram divulgados no Relatório Global sobre Álcool, Saúde e Tratamento de Transtornos por Uso de Substâncias, que utiliza informações de saúde pública do ano de 2019.

Estatísticas Globais de Mortalidade

O relatório revela que a maioria das mortes relacionadas ao álcool e drogas ocorre entre homens. Especificamente, 2 milhões de mortes anuais por consumo de álcool e 400 mil por uso de drogas são registradas entre a população masculina. A OMS estima que, em 2019, 400 mil pessoas viviam com desordens relacionadas ao consumo de álcool e drogas, sendo 209 milhões classificadas como dependentes de álcool. O uso dessas substâncias não só prejudica a saúde individual, aumentando o risco de doenças crônicas, mas também contribui para milhões de mortes evitáveis anualmente.

Consequências para a Saúde

O consumo de álcool e drogas está associado a uma série de problemas de saúde. Em 2019, 1,6 milhões das mortes atribuídas ao álcool foram causadas por doenças crônicas não transmissíveis, como doenças cardiovasculares (474 mil mortes) e câncer (401 mil mortes). Além disso, 724 mil mortes foram decorrentes de ferimentos causados por acidentes de trânsito, automutilação e violência. O álcool também está associado a um aumento do risco de infecções, como HIV e tuberculose, devido à sua capacidade de suprimir respostas imunológicas.

Distribuição Geográfica e Socioeconômica

As taxas de mortalidade por consumo de álcool variam significativamente por região. A maioria das mortes ocorre na Europa e na África, com taxas de mortalidade mais altas em países de baixa renda. Em contraste, os países de alta renda apresentam menores taxas de mortalidade por litro de álcool consumido.

Tendências de Consumo de Álcool

O relatório da OMS também destaca as tendências de consumo de álcool. Entre 2010 e 2019, o consumo total per capita de álcool registrou uma ligeira queda, passando de 5,7 litros para 5,5 litros. Os maiores índices de consumo per capita foram observados na Europa (9,2 litros) e nas Américas (7,5 litros). Em média, o consumo de álcool per capita chega a 27 gramas de álcool puro por dia, o que equivale a aproximadamente duas taças de vinho, duas garrafas de cerveja ou duas doses de bebidas destiladas. Esse nível de consumo está associado a riscos aumentados de várias condições de saúde, mortalidade e incapacidade.

Consumo Excessivo e Populações Jovens

O consumo excessivo de álcool é prevalente globalmente. Em 2019, 38% dos consumidores de álcool relataram pelo menos um episódio de consumo excessivo no mês anterior à pesquisa. Esse padrão de consumo é especialmente prevalente entre homens. Além disso, 23,5% dos jovens entre 15 e 19 anos afirmaram consumir álcool, com índices mais altos na Europa (45,9%) e nas Américas (43,9%).

Para enfrentar os desafios impostos pelo consumo de álcool e drogas, a OMS enfatiza a necessidade de ações urgentes e ousadas. O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, sublinha a importância de construir uma sociedade mais saudável e equitativa, reduzindo as consequências negativas do consumo de álcool e ampliando o acesso a tratamentos de qualidade para transtornos causados pelo uso de substâncias. A meta é, até 2030, reduzir significativamente o consumo de álcool e drogas e aumentar o acesso a tratamento, conforme estabelecido nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).