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As três exceções de novembro

Exceção n. 01: Autoridade comprometida: consoante matéria jornalística por mim produzida e recentemente publicada nesta plataforma, em 09 e 10 de novembro, do corrente ano, ocorreu a XII Conferência Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente. No dia 09 foi composta a mesa de autoridades. Tentarei não me esquecer de ninguém, e perdoe-me se […]

Por Israel Minikovsky 17 min de leitura

Exceção n. 01: Autoridade comprometida: consoante matéria jornalística por mim produzida e recentemente publicada nesta plataforma, em 09 e 10 de novembro, do corrente ano, ocorreu a XII Conferência Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente. No dia 09 foi composta a mesa de autoridades. Tentarei não me esquecer de ninguém, e perdoe-me se eu não conseguir fazê-lo, compareceram: o pessoal da educação, da saúde, da assistência social, da cultura (com ênfase para a banda marcial), da polícia civil e militar, executivo municipal (de várias pastas), legislativo municipal, Judiciário, Ministério Público, Conselho Tutelar, vereadores mirins, lideranças de grêmios escolares, dentre outros. Já participei de enésimas conferências, audiências públicas, palestras, capacitações e similares. E o que tenho visto é a composição da mesa, algumas falas, seu desfazimento, fotos no jornal. E o prefeito então (não estou a me reportar ao atual prefeito, mas, genericamente, a todos que ocupam esse relevante cargo), jamais fica para os trabalhos que seguem o cerimonial de abertura. Pude participar do eixo 5, coordenado pela assistente social Karen Lili Fechner. Em nosso grupo de trabalho achava-se a vereadora Carla Odete Hofmann, atualmente presidente da Casa de Leis. Antes, minha professora no curso de Ciências Jurídicas da Univille, e, agora, no mesmo espaço, eu, ela e outros cidadãos pensando nas políticas que facilitam a vida da comunidade à qual pertencemos. A referida camarista não apenas participou dos trabalhos, mas foi voz ativa na formulação das propostas, seja lançando sugestões, seja cooperando na parte técnica da redação das propostas. A pergunta que fica é esta: por que as demais autoridades não permaneceram? Seria objetivo mostrar que estão cheias de trabalho? No entanto, em havendo vários compromissos, a Constituição Federal/1988 não afirma categoricamente que o interesse de criança e adolescente tem prioridade absoluta, e deveria se sobrepor a quaisquer outros interesses? É muito coerente que uma legisladora seja a cumpridora da lei, fazendo a letra do ECA e da CF transformar-se em práxis.

Exceção n. 02: Caboclo macho: estamos no novembro azul. Culturalmente foi construída no Ocidente a noção de que um homem que preze pela hombridade não pode aquiescer a ser tocado. Entretanto, as reflexões trazidas pela ciência, pela medicina e pelas práticas de cuidado em saúde, têm mostrado que devemos, nós homens, evitar sermos engodados. Porque corremos um sério risco de comprometer uma função orgânica, simbolicamente ligada à virilidade, em razão de preconceitos e falta de senso de realidade. Sendo assim, quem figura no grupo de meia-idade ou mais, pode e deve proceder com os exames urológicos, eu não diria “de rotina”, mas, no mínimo “periódicos”.Exceção n. 03: Um gênio com a nossa cara, para além do trabalho e do dinheiro: em 11 de 11 quem sopra velas é o intelectual multigraduado Mariano Soltys. Sua primeira grande obra foi “Reflexões Gerais”. Nela ele fala que a moral do nosso tempo é a moral do dinheiro. Repare, amável leitor, que eu disse “além” do trabalho e dinheiro, e não “aquém”. Não pense em boicotar o comércio de esquerdistas “porque eles são socialistas e não precisam de dinheiro”. Em primeiro lugar, numa sociedade socialista também existe dinheiro e ele é muito valorizado. Mariano Soltys é um pensador engajado com a civilização, com a dignidade, com a urbanidade, antes do que com esta ou aquela bandeira partidária. Soltys é filho de pessoas extremamente trabalhadoras. E quando eu uso a expressão “filho de” aí dentro ficam compreendidos pais, avós, bisavós, e em diante. O próprio Mariano é advogado, professor e escritor, e mal pisca, pois sempre está entretido em algum tipo de atividade. Acaba de sair do prelo a sua obra “Reflexões Sociais: o novo normal”. Tive a honra de redigir o prefácio. O mencionado polímata é uma exceção porque ele não difere do são-bentense, é um genuíno filho da terra, malgrado, ele alcançou aquela percepção de que quando se dá uma pausa no muito fazer, no muito laborar, além dos agrados que damos ao corpo, todo ser humano está carente de sentido. E, em sua última obra lançada, encontramos um roteiro que nos conduz ao sentido. O mundo do trabalho não perdeu seu valor. O que ocorre é que, com “o novo normal” o leque existencial das possibilidades ficou mais amplo. Dessarte, se vossa senhoria há tempos não abre um livro e, procura por algo que o situe no que se convencionou chamar “atualidade”, esta e outras produções soltysianas lhe fornecem poderosas ferramentas conceituais na compreensão do mundo contemporâneo. Luz!