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Avatar 2 e a Vida da Água

herói se torna um novo homem pelo batismo das águas. Avatar 2 explora ainda a temática de uma espécie de árvore da vida, na qual tem muitas memórias e uma conexão maior do povo com a natureza.

Por Mariano Soltys 11 min de leitura

A continuação de Avatar, após um bom tempo, leva ao admirador de cinema, até a
contemplação de cenas 3D. Isso, o filme é um ressurgir do 3D, ou das imagens que saem da
tela. O filme tem esse atrativo, além de possuir uma história que se liga ao primeiro filme,
apesar do tempo grande de uma versão para a outra. Semelhante ao cristão que renasce pela
água do batismo, ou a Moisés, fundador da religião, que nasceu nas águas do rio Nilo, o
espectador de Avatar 2 observa o renascimento dos personagens numa nova civilização, que
vive na água.
Avatar 2 não é um filme curto. Ele possui em torno de 3 horas de duração. Desse
modo, a arte merece reflexões que partem de temas como a diversidade e a inclusão, uma vez
que a família do protagonista, Jake, tem 5 dedos nas mãos, incluindo a esposa, Neytiri, já
considerados uma aberração pelos avatares, além de que sua filha, Kiry, sofre um certo bulling.
Temas que envolvem a todos nós, não apenas no mundo do Avatar, mas em nossa sociedade.
A filha apresenta dons paranormais e certa conexão maior com as coisas, um tanto mística.
Outro tema que aparece no filme Avatar 2 é o dos povos tradicionais, uma vez que os avatares,
espécie de índios, ligados a natureza e que conversam com animais, são invadidos ou
“descobertos” pelo povo do céu, que seria uma aparente semelhança com o homem branco
“descobrindo” a América. O crime ambiental destrói o que aparece, para construir um local de
nova casa para o povo do céu, e assim o povo originário da terra é praticamente expulso, ou
morre na batalha, e sua mata destruída. A família de Jake assim foge e encontra um povo
quase secreto, que vive nas águas e tem sintonia com animais semelhantes a baleias azuis,
sendo que seu filho, Neteyam, faz amizade com uma dessas baleias, a qual depois ajuda com a
batalha na invasão do povo do céu, quando chega com uma nave aquática. Esse renascimento
pela água é semelhante ao batismo ou iniciação. O herói se torna um novo homem pelo
batismo das águas. Avatar 2 explora ainda a temática de uma espécie de árvore da vida, na
qual tem muitas memórias e uma conexão maior do povo com a natureza. Ainda tem certo
romance dos filhos adolescentes, bem como brigas com os jovens da cidade das águas. Além
de que um dos filhos morre e assim gera um drama, na guerra com o povo do céu, com o vilão,
no caso Coronel Miles Quaritch.
O filme agrada pelos vários caminhos que toma, e pela tecnologia 3D e bom áudio. As
cenas de ação são muito boas, como aquela do peixe gigante. Também o empoderamento
feminino está na esposa de Jake, Neytiri, que enfrenta os homens do céu, estes armados com
modernas armas de fogo, apenas com arco e flecha, mostrando a forte guerreira indígena,
vencedora e imortal frente à batalha. Também o desempenho dos atores, que até seguraram o
ar em mergulhos, reflete a seriedade do trabalho de diretor James Cameron, novamente uma
boa produção em animação. Avatar 2 guarda muitas lições de vida, e ficaria extenso revelar
todas aqui. A história do homem branco e dos povos tradicionais pode resumir essa história,
em analogia aos alienígenas do filme.