Página Inicial | Colunistas | Balanço das eleições 2024

Balanço das eleições 2024

Dietrich Bonhoeffer já dizia que “o verdadeiro teste de moralidade de uma sociedade consiste naquilo que ela faz com suas crianças”. Ana Carolina Oliveira, mãe de Isabella Nardoni, elegeu-se vereadora em São Paulo. Isabella foi jogada, em 2008, aos cinco anos de idade, do sexto andar do Edifício London. A sandice teria sido perpetrada pelo […]

Por Israel Minikovsky 17 min de leitura

Dietrich Bonhoeffer já dizia que “o verdadeiro teste de moralidade de uma sociedade consiste naquilo que ela faz com suas crianças”. Ana Carolina Oliveira, mãe de Isabella Nardoni, elegeu-se vereadora em São Paulo. Isabella foi jogada, em 2008, aos cinco anos de idade, do sexto andar do Edifício London. A sandice teria sido perpetrada pelo próprio pai, Alexandre Nardoni, e pela madrasta, Anna Carolina Jatobá. Leniel Borel, pai de Henry Borel, foi eleito vereador no Rio de Janeiro. Henry Borel foi assassinado, aos cinco anos incompletos, em 2021, em tese, pela própria mãe, Monique Medeiros, e pelo ex-médico, Jairo de Souza Santos Junior, vulgo Doutor Jairinho, à época seu padrasto. Doutor Jairinho já havia sido camarista na capital fluminense. A eleição desses dois candidatos, retromencionados, mostra a cara da sociedade brasileira. O exercício do sufrágio não se resume a empoderar bons gestores, senão mais do que isto, é um instrumento por meio do qual o cidadão expressa suas verdades e seus valores. O Estatuto da Criança e do Adolescente, de 1990, agora ascende, do status de lei, para tornar-se legítima cultura popular. O mesmo pode ser dito em relação à Carta Magna de 1988, que preconiza a prioridade absoluta em prol de crianças e adolescentes. A violação dos direitos das pessoas em formação já não mais conta com o arrimo da coletividade. Demos um importante salto civilizacional. Pelo voto o eleitor expressa o que estima e o que deplora. Gostaria, a partir daqui, de falar um pouco sobre a eleição de nossa cidade, nossa querida São Bento do Sul. É consabido que, nos Estados Unidos da América, há dois grandes partidos, Republicanos e Democratas. Os Republicanos propõem fechar as fronteiras do seu país, ao passo que os democratas seriam condescendentes com os entrantes, ainda que ilegais. Kamala Harris, numa de suas falas de campanha, disse “Os Estados Unidos da América são um grande país, porque é um país de imigrantes”. Pois bem, São Bento do Sul é uma cidade de imigrantes. Para cá aportaram polacos, alemães, suíços, tchecos, italianos, ucraínos, e por aí vai. Fizemos uma experiência histórica de promover um verdadeiro rodízio entre duas siglas, sempre entronizando mandatários e lideranças locais. Até que chegou o dia de colocar na gestão a terceira força, capitaneada não por um imigrante, mas por um migrante (Antonio Joaquim Tomazini Filho é natural do Município paulista Irapuru). De todo modo, o apelo à inovação fica evidente. Quando há um fluxo de pessoas indo para um lugar em busca de trabalho e de prosperidade, há altíssima probabilidade de se assistir, ali, à formação de um verdadeiro oásis coletivo no território acolhedor. Nisso tudo se visualiza, destarte, um cenário otimista e promissor para São Bento do Sul. Entretanto, precisamos intensificar essa lógica aqui neste Município onde residimos. Outras cidades catarinenses, com um perfil semelhante ao nosso, acham-se em processo de crescimento e desenvolvimento mais acelerado do que este que se verifica aqui, e isto deveria nos despertar. Não podemos perder a atratividade. Nosso olhar deve tornar-se mais atento aos padrões que fazem de Joinville e Jaraguá do Sul, por exemplo, polos com maior capacidade de assimilar mão de obra importada de outros Municípios, e de outras unidades da Federação, para nem mencionarmos as pessoas de outras nacionalidades. Para além de nossas qualidades ínsitas, estamos geograficamente arraigados em um espaço privilegiado, e devemos explorar estrategicamente a proximidade com outros parques fabris e comerciais adjacentes. Sempre fazer as coisas do jeito que elas foram feitas, conduz, na melhor das hipóteses, aos mesmos rotineiros resultados. Precisamos inovar: na política, no trabalho, em todas as áreas de nossa vida. Para além da visão da totalidade, outrossim, convém sermos observadores de tudo o que ocorre na borda. O movimento de ponta, a dianteira dos processos, das tecnologias, as tendências, são o que há de mais digno de atenção. Uma das marcas da estagnação é a mesmeidade: em algumas localidades do interior, onde há uma resistência ao progresso, ocorrem sempre os mesmos fatos, contam-se as mesmas histórias, cinquenta anos se passam, e as pessoas são as mesmas, tudo, enfim, é sempre igual. O trabalho é a redenção para o ser humano, enquanto ele se encontra aqui nesse plano. E trabalho é mudança, é movimento, é transformação, é dinamismo, é novidade de vida, fazer de um modo como nunca foi feito. O trabalho está aberto ao futuro, é democrático, pois se entrega a todos quantos o amam. Político bom é político trabalhador, e o imigrante ou migrante é o que se põe em marcha em busca de uma vida melhor, ciente de que a dádiva vem da água benta, o suor do rosto. Luz!