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Brasil ou Europa: qual o melhor local de se viver?

Você já ouviu a respeito do Massacre de Babi Yar? Iya Rudzitskaya é uma ucraniana judia de 92 anos. Em 1941 ela contava com tenros 10 anos de idade. Ela morava com a família em Kiev. Seu avô foi Nuchim Waisblat, o principal rabino da sinagoga de Kiev. Já o pai, foi Vladimir, escritor e […]

Por Israel Minikovsky 13 min de leitura

Você já ouviu a respeito do Massacre de Babi Yar? Iya Rudzitskaya é uma ucraniana judia de 92 anos. Em 1941 ela contava com tenros 10 anos de idade. Ela morava com a família em Kiev. Seu avô foi Nuchim Waisblat, o principal rabino da sinagoga de Kiev. Já o pai, foi Vladimir, escritor e editor de livros de autores ucranianos, entre eles, Taras Shevchenko, considerado o fundador da literatura ucraniana. O nazismo avançava a passos largos na Europa, e batia às portas de Kiev. À época a Ucrânia era a República Socialista Soviética da Ucrânia. Antes que o pior acontecesse, e podendo contar com o prestígio e larga influência do avô e do pai, a família fugiu para a República Socialista Soviética do Uzbequistão, a 3.800 quilômetros de casa. A família evadiu-se em 21 de setembro (de 1941) e, em 29 do mesmo mês, houve o que se convencionou chamar de “Massacre de Babi Yar”. Em torno de 33.771 judeus ucranianos foram mortos. Comunistas também tiveram que retirar-se às pressas. O que esta história tem a ver com os dias de hoje? Pois bem, em 24 de fevereiro de 2022 a Rússia invadiu a Ucrânia. E esta mesma senhora que foi apanhada pelos fatos da história, aos 10 anos de idade, agora, aos 92, é acossada pelos transtornos de mais uma guerra. A despeito da ancianidade da referida figura, veja-se que, em menos de um século, ela teve de sacrificar o direito a uma vida pacífica por duas ocasiões. Sequer ela pôde, por duas vezes, ver seu direito de habitação assegurado. Digo todas estas coisas porque estamos acostumados, no Brasil, a conceber o Continente Europeu como o lugar do tudo feito, da perfeição e da absoluta ordem, sem conflitos. Porém, a realidade é outra. O mencionado continente tem um parque fabril diversificado e denso. Ali há uma demanda energética muito grande. As moedas concorrem entre si, dólar, euro e rublo. Todos querem ter a sua zona de influência, política, militar e econômica. Torcendo o ditado do avesso, verbalizamos que “eles que são brancos, definitivamente, não conseguem se entender”. Os hiperbóreos vivem no mundo da disputa de interesses, o que mais lhes apraz são os créditos da balança comercial. Seu deus (sic, com minúscula) é o poder. O próprio Marx, e muitos outros teóricos marxistas, sobretudo economistas, entre os quais encontramos Rosa Luxemburgo, defendiam a tese de que o capitalismo, necessariamente, conduz os povos às guerras. Por conseguinte, implantar o socialismo significava não só revolucionar a ordem social, mas criar um mundo de paz. Essa tese, cujo teor científico, várias vezes, foi abalado e jogado no lixo, ressuscita mais de cem anos passados da Revolução Russa. A riqueza e o progresso material são bons e necessários. Todavia, algumas coisas não têm preço, são inestimáveis. Entre elas, colocar a cabeça no travesseiro e dormir, poder começar o dia dando um beijo no filho, ter um local adequado para realizar suas atividades laborais e ganhar o pão de cada dia. A globalização contribuiu para a intensificação da integração econômica do mundo. O de que precisamos construir agora, é um modelo que traga consigo a justiça social, a paz, a democracia, a tolerância, o ecumenismo, a abertura para um pensamento plural, livre de toda forma de preconceito. Quem sabe, a moeda única mundial não seja a saída para a sucumbência dessa rivalidade das moedas, encerrando no bojo dessa medida econômica a desmilitarização. Por trás de toda guerra, existe o interesse econômico, explícito ou camuflado, mas sempre ele.