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Calamidade no litoral norte de São Paulo

Sabemos da expressão econômica que é a região sudeste e, mais especificamente, o Estado de São Paulo. Os temporais na região afetaram a vida de muita gente. Mas porém, não custa lembrar de que as maiores impactadas são as populações de baixa renda. Os estragos sobrevieram já estando, o Executivo Federal, sob novo comando, situação […]

Por Israel Minikovsky 12 min de leitura

Sabemos da expressão econômica que é a região sudeste e, mais especificamente, o Estado de São Paulo. Os temporais na região afetaram a vida de muita gente. Mas porém, não custa lembrar de que as maiores impactadas são as populações de baixa renda. Os estragos sobrevieram já estando, o Executivo Federal, sob novo comando, situação esta que apazigua a gravidade dos fatos. Todavia, por mais eficiente e resolutiva que venha ser a intervenção estatal, é oportuno que nós, enquanto sociedade civil organizada, nos articulemos e despachemos lotes de utilidades ao nosso alcance, diluindo o estresse e os prejuízos entre aqueles que não estivemos diretamente atingidos pela calamidade climática. Mais que um dever moral, vejo estas circunstâncias como uma oportunidade de fazer toda a diferença, numa ocasião estratégica. Hoje, A estende a mão e B recebe, amanhã, nós nos vemos enredados, e é B quem oferta, sendo nós, A, os recebedores. Simples assim. Não se trata de ignorar a Vila Schwartz, o de que se trata é de ampliar a abrangência do nosso olhar, para incluir mais gente na rede de solidariedade. A mídia presta um serviço valioso ao transmitir estas ocorrências, pois sem informação não há mobilização. As igrejas de todas as denominações também podem e devem ser o ponto de conexão entre os favorecedores e os favorecidos. O trabalho deve tomar a forma de rede. É fundamental a estreita colaboração entre as pastas da defesa civil e da assistência social. A conversação entre os três entes da federação, Município, Estado e União, fortalece um tipo de vínculo que nunca pode esmaecer. Um país não se faz apenas com território, povo e trabalho. A integração ocorre com o intercâmbio de atos de solidariedade. Quando conseguimos nos colocar na condição do outro, estamos a reconhecer que esse necessitado partilha de nossa identidade, ele é o nosso próprio eu, em outro lugar, passando por outra experiência. Essa noção acusa um nível considerável de evolução já adquirida. Em tais casos, a União faz o papel de uma seguradora: o que se arrecada de todos os contribuintes é direcionado para contextos que reclamam a verba com urgência. No entanto, para além dessas contribuições compulsórias, é desejável que as comunidades ofertem com espontaneidade as prendas que possam complementar a respectiva força-tarefa. Novas experiências podem desencadear novos conhecimentos e oportunidades antes não visualizadas. Onde está a carestia pode também estar uma demanda conversível em obtenção de renda. Ninguém se dá bem no mercado, desconhecendo os territórios. Calamidades têm o potencial de exibir fragilidades e fortalezas de um espaço antropizado. Não por mero acaso os programas universitários de pós-graduação strictu sensu focam em Desenvolvimento Regional ou GIT – Gestão Integrada do Território. Qualquer iniciativa, pública ou privada, econômica, política ou religiosa, deve ter por suposto o perfil regional sobre o qual visa imprimir algum tipo de intervenção. O que hoje é doado, se tiver qualidade, amanhã será comprado. Fica, então, dado o recado aos empresários e outros seres humanos de boa vontade. O efeito dominó é isto: egoísmo gera egoísmo, solidariedade gera solidariedade. O que queremos multiplicar? Multipliquemos luz!