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Coisas que fazem de novembro algo importante

11 de novembro é o dia em que o gênio são-bentense Mariano Soltys aniversaria. Por oportuno, no dia 13 seguinte, o referido me brindou com sua companhia Na Cozinha, ao sabor de um capuccino e bolo de chocolate. O amigo de muitas letras me relatava as batalhas e conquistas em sala de aula. Aliás, entreguei-lhe […]

Por Israel Minikovsky 15 min de leitura

11 de novembro é o dia em que o gênio são-bentense Mariano Soltys aniversaria. Por oportuno, no dia 13 seguinte, o referido me brindou com sua companhia Na Cozinha, ao sabor de um capuccino e bolo de chocolate. O amigo de muitas letras me relatava as batalhas e conquistas em sala de aula. Aliás, entreguei-lhe um jaleco professoral, além de um livro poético da autoria de Pablo Neruda, bilíngue, espanhol-português. O que transparece, é que os alunos, crianças ou adolescentes, não possuem a capacidade de dedicar a atenção a assuntos muito densos, marcados por conceitos abstratos e de desafiadora ligação ao mundo empírico. A forma domina o conteúdo. As dinâmicas em sala de aula são o que importa, o conhecimento é acidental, esta é a realidade colegial. Todavia, o referido intelectual me punha aparte dos seus projetos literários, das obras em andamento, e das que pretende principiar. Inevitavelmente, sempre nos deparamos com assuntos jurídicos, por conta dos compromissos profissionais que temos como advogados. Mariano sempre dedica os finais de semana à sua estimada esposa, Bárbara, em razão do quê, traz de suas muitas viagens, fotos, lembranças, vídeos, e em havendo livraria ou sebo, livros recém-adquiridos. Historiador que é, dentre suas muitas formações, relatava da passagem que tivera por Brasília, recordando-me de que há diretrizes no plano da cidade que nos remetem ao velho Egito. Eu condescendi com o comentário, desde que pude saber que o projeto da capital federal veio a inspirar-se na planta de Paris. A propósito, quando Napoleão Bonaparte chegou ao Egito, olhando para as majestosas obras de engenharia, teria expressado: “Do alto destas pirâmides, quarenta séculos vos contemplam”. Soltys é um apaixonado por literatura judaica, e levou consigo, para me exibir, mais um volume do Talmude. De fato, folhando a edição impressa, hebraico-português, logo se constata tratar-se de um trabalho intelectual e editorial de primeira linha. A considerar o tipo de papel usado, a beleza e resistência da capa e do próprio volume, a obra é mais que acessível, é barata mesmo. Os rabinos dedicaram muita tinta ao tema do matrimônio, de tal arte que a devoção a esse tema retrata a relevância do assunto nessa tradição jurídico-religiosa. O ambiente estava musicalizado por sonatas de alta qualidade harmônica. Embora lotado, o espaço fazia cingir-se por moderação, trazendo uma sensação de conforto. Datas como esta se prestam a assinalar a velocidade indomável do tempo. Sistematicamente, Soltys se ocupa de tópicos afetos a cristianismo, tradições religiosas várias, e doutrinas esotéricas ou herméticas. Em termos hermenêuticos, é um democrata da interpretação, nele todo sincretismo cabe em algum lugar, necessariamente harmonizando-se, de um modo ou de outro, com a dogmática mais rígida. Só um pensador como ele para dar conta de tamanha galhardia. Dia 13 refletiu climaticamente uma tendência do outubro e novembro de 2023: muita chuva e umidade. Entretanto, em nada esse porém nos atrapalhou. Soltys discursa vibrantemente, externando que aspira avivar a vida cultural de nossa cidade e região, sobretudo em termos de literatura e publicação de todo tipo de livro. Nisso, aliás, também eu convenho. Entendo que temos vocação para protagonizar a produção de cultura. A filosofia corre em nossas veias. Basta olharmos para trás, e vermos que os países dos quais nossos ancestrais foram oriundos, brilham na produção de teoria filosófica e ciências humanas em geral. Pessoas como Mariano Soltys nos despertam para o fato de que, na linha do horizonte, e pós ela, há, além do Sol, muita, muita esperança. Chegaremos, com a bênção de Deus, onde o nosso intelecto nos levar. Tudo o que podemos pensar, podemos realizar. Crises epistemológicas, econômicas, sociais, políticas, humanitárias, cataclismos, nada disso tira de nós o que temos de mais valioso: o sentido. Nada, no plano simbólico, sucumbiu. Precisamos aguçar o espírito. O que Soltys e eu escrevemos consiste nisto, remover as escamas dos olhos da alma. Luz!

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