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ESTRADA DONA FRANCISCA (20)

O PROGRESSO E OS ENTRAVES. (Texto de Mariana) A Estrada Dona Francisca proporcionou progresso ao planalto norte catarinense e à Joinville e região. Porém, foi palco de grandes desavenças entre caminhoneiros e carroceiros. Os caminhões carregavam mais mercadorias e as transportavam em menor tempo, isso gerou descontentamento entre os carroceiros porque seus fretes diminuíram drasticamente […]

Por Celso e Mariana 9 min de leitura

O PROGRESSO E OS ENTRAVES.

(Texto de Mariana) A Estrada Dona Francisca proporcionou progresso ao planalto norte catarinense e à Joinville e região. Porém, foi palco de grandes desavenças entre caminhoneiros e carroceiros. Os caminhões carregavam mais mercadorias e as transportavam em menor tempo, isso gerou descontentamento entre os carroceiros porque seus fretes diminuíram drasticamente dos quais dependiam para o sustento da família. 

  1. PRIMEIRO CAMINHÃO DA REGIÃO              

A foto do caminhão é da década de 20 ou início de 30, em algum lugar de Rio Negrinho ou São Bento. Segundo relatos, as rodas eram de borracha maciça e não pneumáticas, isto é, não tinham câmara de ar.

 Contam – não temos certeza – que o dono do caminhão ganhou uma nota preta cobrando passagem das pessoas para dar uma volta com elas, nos parece que a fotografia confirma o boato. Notem que foram adaptados vários bancos na carroceria a fim de transportar pessoas. Ééé! Gente esperta sempre existiu em qualquer tempo! Não conseguimos documentos comprobatórios, só relatos de que provavelmente ele abriu uma linha de passageiros entre o planalto e Joinville pela EDF em viagem de apenas um dia, indo pela manhã e voltando à noite, enquanto que com carroça a mesma viagem demorava vários dias. 

  1. VIAJANDO DE CARROÇA.
KODAK Digital Still Camera

As viagens de carroça do planalto à Joinville levavam vários dias para ir e voltar.

 Quando a estrada foi aberta, não havia caminhões e foi grande a euforia dos carroceiros, pois podiam transportar seus produtos do planalto para Joinville. Mas apareceram os primeiros caminhões e os carroceiros viram a “viola em cacos” então, nasceram discórdias, inveja e brigas, algumas bem violentas. Aos poucos, extinguiu-se o estalar dos chicotes que ressoava bem longe, o cantar dos breques que anunciavam o progresso, a música dos sininhos no pescoço dos cavalos, os ruídos das carroças em movimento, os carroceiros, cada um com seu jeito especial, viajando pela estradinha estreita no meio da floresta, os acampamentos de descanso onde se contavam causos numa integração humana sadia e prazerosa e o pão de cada dia provindo pelo uso da carroça também foi diminuindo até que apenas sobrou o sentimento constrito e a saudade de um tempo dourado que jamais voltaria. 

A estrada continua linda e vital para o progresso do Sul do Brasil.

Obrigado! Um abraço de Celso e outro de Mariana!