Página Inicial | Colunistas | ESTRADA DONA FRANCISCA (6).

ESTRADA DONA FRANCISCA (6).

DESENTENDIMENTOS. No começo, a Estrada Dona Francisca possibilitou grandes avanços no progresso de São Bento e região os quais descreveremos em artigos futuros, por exemplo, em 1885 o transporte de erva mate por essa estrada era feito por 600 carros de quatro rodas até Joinville. Porém, vários acidentes e encrencas leves e graves aconteceram. CARROÇA […]

Por Celso e Mariana 9 min de leitura

KODAK Digital Still Camera

DESENTENDIMENTOS.

No começo, a Estrada Dona Francisca possibilitou grandes avanços no progresso de São Bento e região os quais descreveremos em artigos futuros, por exemplo, em 1885 o transporte de erva mate por essa estrada era feito por 600 carros de quatro rodas até Joinville. Porém, vários acidentes e encrencas leves e graves aconteceram.

CARROÇA EM DISPARADA. (Foto 1)

Há relatos de carroças que disparavam porque, por algum motivo, os cavalos se assustavam e
imprimiam desvairada carreira levando os carroceiros ao desespero e, às vezes,
desencadeando consequências gravíssimas. Há casos que pessoas assustavam o animais e
houve até leis que proibiam este tipo de crime com multas pesadas e até cadeia.

ENCRENCA NA ESTRADA. (Foto 2)

KODAK Digital Still Camera

Quando os primeiros caminhões começaram a rodar pelas estradas de Rio Negrinho e região, inclusive pela Dona Francisca, começaram as divergências entre carroceiros e caminhoneiros. Os caminhões mais rápidos, levavam mais mercadorias de uma só vez enquanto que as carroças, lentas e menores, consistiam num atraso ao progresso e isso tirava o trabalho dos carroceiros. Certo dia os carroceiros reuniram-se e tramaram um bom plano para atrapalhar os caminhões. A Estrada Dona Francisca, na altura onde mais tarde funcionou a Serraria Hübner e, hoje, é o Bairro São Pedro, em Rio Negrinho, havia uma subida bem íngreme, um lugar lindo no meio da floresta que à tarde os raios de sol não alcançavam, e onde os carroceiros davam de beber aos cavalos numa bica de água limpa e, também, os caminhoneiros reabasteciam os radiadores dos caminhões. Ali mesmo, os carroceiros enchiam os baldes de água e os despejavam morro abaixo enlameando a estrada. Os caminhões resvalavam no barro, patinavam e encalhavam, mas as carroças subiam tranquilamente. Os carroceiros, em tom de deboche, perguntavam ao caminhoneiros encalhados: “Argum pobrema aí, cumpadre?”. Foi que foi, até que certo dia a “vaca tossiu em alemão”: caminhoneiros e carroceiros se atracaram num violento quebra-quebra geral de fazer inveja à Guerra dos Farrapos. A polícia foi chamada e também dançou na pancadaria até que, com muito custo, os ânimos se acalmaram. Mas, não houve jeito! Aos poucos as marcas dos cascos dos cavalos foi desaparecendo dando lugar aos repetidos desenhos da borracha dos rodados na estrada. Permaneceu a saudade dos tempos carroçáveis! (Continua).

Obrigado! Um abraço de Celso e outro de Mariana!