Pessoas de nossa geração lembram com carinho de Xuxa, seja pelas festas de aniversário onde se tocavam as músicas dela, seja sobre o fenômeno na TV que borbulhava, seja pelos desenhos animados, em especial pelo Caverna do Dragão, que com o mestre dos magos, era o desenho mais filosófico que existia, fazendo as crianças se perderem nessa história sem fim, nessa aporia, que não teve final até hoje. Xuxa em documentário mostra sua relação com o herói da Fórmula 1, Ayrton Senna, que também marcou a geração que hoje tem em torno de 40 anos, levando a se pensar no tema filosófico da indústria cultural. Xuxa teve tanto sucesso que foi idolatrada, além do Brasil, também na Argentina, chegando até mesmo a ir para os EUA, mas lá sendo difícil a língua como barreira. O fenômeno Xuxa nem é imaginado por novas gerações, sendo que nós crianças, seja em anos 90 ou 80, vivíamos a melhor época para ser criança, com um mundo bem mais real, diferente de atualmente, ligado mais a celulares e a um mundo virtual. Foram bons tempos, onde tínhamos o vencedor na Fórmula 1, nosso futebol era também campeão, hoje não passando nem da fase de grupos, como ocorreu com o feminino, e assim o tempo da Xuxa. Até o influencer Audino Vilão falou de que com Xuxa se pode refutar Kant, tratando ainda de indústria cultural, razão instrumental, Escola de Frankfurt, iluminismo e muitos outros temas filosóficos. Também tratou de cultura de massa e de cultura erudita, o que mostrou boa informação. Foi além ao comentar sobre Walter Benjamin, com a reprodutibilidade técnica. A cultura visa um tanto o lucro, mas também leva a nostalgia de um tempo que sempre parece o que havia um tempo melhor. Xuxa refutaria Kant com o uso da razão instrumental, contra o imperativo categórico. Mesmo além do capitalismo, parece que a volta para a infância, o tema da Barbie e outros, acabam prendendo mais, e séries hoje são feitas para pessoas de 30 e 40 anos, que consomem e são mesmo um público que compra, que tem um vínculo maior com a TV, com os produtos que existiam. Mas Xuxa marcou, e não havia ninguém que nem ela nem nos EUA, como relata um produtor. As questões morais, a vida dela, bem como certos acontecimentos polêmicos, são também relatados, bem como o acidente de incêndio, que não teve um resultado mais trágico. Curioso que os jovens começam a conhecer tanto a Xuxa como a Barbie, que foram marcantes na infância de outras gerações, e que mostram que havia uma boa qualidade de produções, bem como um tempo mais voltado a infância, algo que hoje não se faz tanto presente, não tendo mais programação tão ampla em TV, streaming, internet, para esse público. Xuxa mostra um feminismo curioso, e um tempo em que havia menos cancelamento, mais entretenimento e onde não se conseguia viver sem ela, pois toda festa infantil, parque, aniversário, brinquedos etc, tinha uma música dela tocando. Para finalizar, eu mandaria um beijo para meu pai, minha mãe, e você.
Mariano Soltys, filósofo e advogado