O mundo impactado pelo mundo
O título é redundante, porém verdadeiro. A que se deve a guerra na Ucrânia? Você já percebeu, claramente, o motivo fundamental que encadeou o conflito? Permita-me, data concessa venia, convidá-lo, amável leitor, a acompanhar a sequência do raciocínio que exponho. A questão número um é o crescimento econômico da China. Ela está ensaiando os passos […]
Por Israel Minikovsky 11 min de leitura
O título é redundante, porém verdadeiro. A que se deve a guerra na Ucrânia? Você já percebeu, claramente, o motivo fundamental que encadeou o conflito? Permita-me, data concessa venia, convidá-lo, amável leitor, a acompanhar a sequência do raciocínio que exponho. A questão número um é o crescimento econômico da China. Ela está ensaiando os passos para substituir os Estados Unidos da América, como líder planetária. A OTAN foi um tratado militar precipuamente concebido para fazer frente ao Pacto de Varsóvia. Passou a onda vermelha, no entanto, a OTAN perdura. EUA e União Europeia ofereceram vantagens – e mundos e fundos – para a Ucrânia integrar a cooperação capitalista ocidental, atendida a condicionalidade de participar da OTAN. Militarmente, o território ucraniano é hiper estratégico. É claro que a Rússia não iria aceitar essa mudança de conjuntura passivamente. No entanto, mesmo que a Rússia vença a guerra, ela sairá retraída do confronto, do ponto de vista militar e econômico. Não só por causa dos embargos, senão devemos considerar, ainda, que a guerra é um negócio caríssimo. O próprio socialismo soviético foi à bancarrota pelo dispêndio de recursos na guerra do Afeganistão. A guerra na Ucrânia é mais uma guerra por procuração. Como uma criança pequena que não tem paz pela imaturidade de quatro adultos, a Ucrânia está a padecer pelo insucesso comunicativo da China, Rússia, EUA e Alemanha. O futuro de uma guerra por procuração é este: a traição. Seria ela, uma espécie de colheita espiritual, por ser a Ucrânia um dos países mais corruptos da Europa? Quem é das antigas e lembra da guerra de Biafra? Estando em pé de guerra, Biafra e Nigéria, a primeira foi apoiada por França e China, e a segunda, por Reino Unido e URSS. É preciso dizer das consequências? Dos milhares e milhares de mortos e feridos? É o preço que se paga pela hegemonia global. A estranha expressão “guerra global local” é uma realidade. A vitória da maior potência capitalista, os EUA, se deveu e se deve a isso: explorando a natureza e o trabalhador, o modo capitalista de produção é o mais exitoso em produção de riqueza, e os Estados capitalistas participam dessa mais-valia impondo a arrecadação tributária, cuja parcela é revertida em investimento bélico. Uso o termo “investimento”, porque, por bem ou por mal, a guerra enriquece seus patrocinadores. A própria China flexibilizou a sua economia, em parte tornando-a “de mercado” por ser boa observadora e aprendiz. Nesse momento, vemos alianças absolutamente pragmáticas, como entre países islâmicos e China, uma vez que teocracia corânica não se harmoniza com Estado oficialmente ateu. Num país com dimensões territoriais, não “desprezíveis”, mas modestas, encontram-se as potências dos grandes impérios mundiais. Passa-se tremendo estresse por ser vizinho de gente poderosa. Como se vê, nem sempre é vantagem habitar entre ricos, a principiar pela própria metodologia como a riqueza é amealhada. Os brasileiros, no geral, não estamos muito preocupados em “como” a guerra vai acabar, mas que, duma forma ou de outra, ela simplesmente acabe. Para ir direto ao ponto, tudo, menos Terceira Guerra Mundial.