Os grandes capitalistas mandam os pequenos capitalistas à merda!
Uma pesquisa realizada recentemente, nos Estados Unidos da América, por uma empresa, conhecida pelo nome de fantasia Intelligent, envolveu uma amostragem de oitocentos gestores, e chegou ao seguinte resultado: quatro dentre dez recrutadores evitam a geração Z, os recém-formados do momento. Razões? Várias! Entre elas: falta de habilidade de comunicação, vestimenta inadequada, presença dos pais […]
Por Israel Minikovsky 15 min de leitura
Uma pesquisa realizada recentemente, nos Estados Unidos da América, por uma empresa, conhecida pelo nome de fantasia Intelligent, envolveu uma amostragem de oitocentos gestores, e chegou ao seguinte resultado: quatro dentre dez recrutadores evitam a geração Z, os recém-formados do momento. Razões? Várias! Entre elas: falta de habilidade de comunicação, vestimenta inadequada, presença dos pais na entrevista, ética no trabalho insatisfatória e falta de inteligência emocional. Creio que o fruto que cresce na extremidade dos ramos é reflexo direto da seiva que advém destas hastes. O ser humano que hoje aí está é o nosso produto. “Nosso” para me referir à geração que tem idade para ser pai e mãe dos jovens de agora, ou possui até mais idade. Mas claro, se a família tem um papel preponderante na formação do caráter dos seres humanos, as mídias de rede não podem ser descartadas. Todo o conteúdo que filhos (ou netos) estão acessando é minuciosamente pensado por engenheiros da informação e psicólogos, a fim de moldar seu perfil na qualidade de consumidores. Entretanto, não se pode perder de vista que aquele que consome é o mesmo que tem de trabalhar. Afinal de contas, como alguém terá poder aquisitivo para poder consumir sem uma correspondente renda? É aqui que se situa o gargalo. Veja-se que, justamente a estratégia por meio da qual foi lapidado o consumidor ideal, fez desse agente econômico pontual, um péssimo trabalhador real. E agora as empresas estão preterindo essa geração, contratando pessoas com mais idade. Até quando? Sim, pois não preciso recordar de que todos estamos aqui só de passagem. O que é veiculado na rede mundial de computadores serve ao interesse de grandes empresas. É sabido que boa parte dos homens mais ricos do planeta são empresários que atuam neste vasto campo chamado internet. Se alguém, pois, iria nos recordar da responsabilidade dos governos, sobre o conteúdo que é colocado ao alcance de crianças, jovens e adolescentes, é bom não perder de vista que, estas gigantescas corporações operam forte ingerência sobre os governos dos países mais ricos do mundo. Ninguém é páreo para os Golias da informação. A Revolução Industrial principiou destruindo a saúde física e mental da classe proletária. Com jornadas extenuantes e nenhum amparo legal, crianças, mulheres e idosos – naquela época se era idoso aos 35! – eram exauridos no processo de produção fabril. Nos dias de hoje, o que se corrói é a personalidade. Perdeu-se, por completo, a noção de responsabilidade individual, familiar e social. Os jovens não tem a noção, por exemplo, de que o tempo passa muito ligeiro, e que eles devem ser o próprio arrimo, preparando a própria velhice e o futuro dos filhos, que eles imaginam que nunca irão ter, o que inclui mecanismos de previdência social e poupança. Novos capitalistas, velho capitalismo. O novo crack do capitalismo advirá deste descompasso: os afortunados da informação verão o sistema ruir pela espoliação mental da classe que teria o encargo de ser a trabalhadora. A internet é marketing de ponta a ponta. Contudo, o marketing só se realiza quando induz o potencial consumidor a aderir a algum serviço ou produto. Fica a pergunta: quem produzirá este produto? Sim, pois ser um sujeito produtor é algo do passado. Com que dinheiro será realizada esta aquisição? Sim, pois para ter renda é preciso realizar trabalho remunerado. Vivemos numa época em que todos querem ser youtuber. Mas se todos forem atores de teatro, quem ficará na plateia? Enfim, os arrecadadores de grandes fortunas estão calcados num sistema insustentável em longo prazo. No capitalismo, com efeito, o que importa é a realização do lucro no aqui e agora, importa a vantagem instantânea. No capitalismo é absolutamente natural ser inconsequente. Feliz foi Max Weber, que mostrou que o capitalismo não tem alma própria, ele só dá certo quando toma de empréstimo uma ética alheia, a ética protestante. Reverendos Pastores, concito-vos a pregar o Santo Evangelho aos grandes capitalistas, se assim os Senhores não o fizerem, todo o prédio social desabará, indo à bancarrota, levando consigo todas as classes sociais, inclusive aquelas do topo. Menos oportunismo, mais luz!