PASSEI VERGONHA
É vergonhoso contar estas histórias sobre as vergonhas que passamos em nossas viagens, mas, o pior já passou, então não custa passar mais uma vergonha contando os fatos. (Celso e Mariana relatam fatos acontecidos no avesso durante suas viagens. Quem viaja sabe que nem tudo são maravilhas. Durante o trajeto, aqui e ali, há grande […]
Por Celso e Mariana 35 min de leitura
É vergonhoso contar estas histórias sobre as vergonhas que passamos em nossas viagens, mas, o pior já passou, então não custa passar mais uma vergonha contando os fatos. (Celso e Mariana relatam fatos acontecidos no avesso durante suas viagens. Quem viaja sabe que nem tudo são maravilhas. Durante o trajeto, aqui e ali, há grande possibilidade de acontecer coisas do avesso, trancas e retrancas.
(Texto de Celso).
PRIMEIRA VERGONHA.
CHALLUANCA – PERU.
Em viagem de carro desde Cuzco a Nazca, o desnível nos Andes é de quase 4 quilômetros.
Cusco e Nasca (em Português).
Cusco fica a 4 mil metros acima do nível do mar nas montanhas peruanas dos Andes. Cidade linda, já foi e ainda é a Capital Inca, muito fora dos padrões das cidades brasileiras, é o principal ponto de partida para Machu Picchu (pronuncia-se Matchu Pictchu) e para outros lugares de atração turística.
Nasca fica a apenas 160 metros acima do nível do mar, à beira do Oceano Pacífico dentro do escaldante Deserto de Nasca que emenda com o Deserto de Atacama, o deserto mais seco e inóspito do mundo.
ESTRADA NOS ANDES.
Gostou da paisagem? Enfrentamos o que você está vendo durante dois dias de manhã à noite! Quando a descida acabava em uma montanha, já vinha a subida na montanha seguinte!
Não é aconselhável para pessoas que sofrem fobias e ansiedades!
Pois bem, para descer de uma cidade para outra é preciso rodar e vencer nada menos que 600 quilômetros de estrada, oito mil curvas – é isso mesmo: 8.000 curvas – em 3.840m metros de desnível subindo e descendo montanhas, onde é preciso atenção especial em cada curva pois, de vez em quando, aparece um caminhão em velocidade meio atravessado na curva. Nesse sobe e desce nos Andes, leva-se dois cansativos dias dirigindo.
ESTRADA NAS MONTANHAS PERUANAS.
Foto tirada de dentro do nosso carro em uma das curvas perigosas.
Foi nesse panorama que nos aventuramos a descer até Nasca afim de viajar de avião para conhecer as gigantescas e misteriosas Linhas de Nasca no deserto.
CHALHUANCA.
Linda cidadezinha dentro de um vale peruano.
No primeiro dia, já bem à tardinha, cansados, lá pela metade da viagem, entramos em uma cidadezinha linda, dentro de um vale, chamada Chalhuanca (pronúncia: Tchalhuanca) com poucas ruas que terminavam logo ali no morro. De um lado, um hotel, do outro, o quartel da Polícia Nacional e um mercado junto à uma pracinha.
A PRACINHA E O MERCADO.
Fui até o mercado e pedi uma bebida de uva mas esqueci como era a palavra uva em espanhol e a senhora que me atendeu não entendeu e pediu que eu repetisse o que havia dito. Repeti e, de novo, não fui entendido. Ela, bem solícita, mostrou-me bebidas de todos os tipos nas prateleiras, mas nenhuma era de uva e, diante de cada oferta, eu respondia “no”, “no”.
Assim fomos rodando as prateleiras sem chegarmos a um acordo. De repente, ela virou-se de frente para mim e disse:
“Você não quer tomar no c#”?
O choque foi grande! Fiquei completamente desarticulado, sem saber o que fazer e o que responder. O que eu poderia fazer? Ficar zangado, retrucar à altura, fazer uma briga?
Mas, em outro país com costumes diferentes, língua diferente, leis diferentes e o quartel da polícia logo ali ao lado, achei melhor ficar quieto esperando o desfecho da situação.
Foi quando ela percebeu que eu estava encabulado trocando de cores, mais colorido que a bandeira nacional brasileira e da peruana tudo numa vez só. Senti um calor tão grande… acho que até meu cabelo ferveu!
Aí ela me levou até uma das prateleiras e mostrou-me uma garrafinha de refresco com a marca japonesa NOKU. Significava, comparativamente, que estava a me perguntar se eu queria beber uma Fanta ou Coca Cola. E, não vai que a bebida era gostosa? A bebida, bem entendido? A bebidaaa!!
BEBIDA JAPONESA.
A indústria NOKU do Japão fabrica cervejas e refrigerantes.
Ufa! Que alívio!
No Peru e em outros países latinos e sul-americanos é difícil encontrar produtos estadunidenses porque são inimigos de carteirinha dos EUA, então, preferem produtos chineses, japoneses e até brasileiros.
Só que o pessoal aqui da minha cidade nos acompanhava nas viagens e quando chegamos de volta ao Brasil, imaginem o cunho das gozações! Foi de matá o véio! Passei mais vergonha em Rio Negrinho do que em Chalhuanca! Sô loco, meu? Tô fora!
Vocês têm coragem de continuar lendo? Então, se agarrem porque aí vem mais desgraceira.
SEGUNDA VERGONHA
(Texto de Celso)
Viajando um dia inteiro no Deserto de Atacama pela Panamericana, estrada que, na maioria dos trechos acompanha a orla do Oceano Pacífico e que liga o sul da América do Sul ao norte da América do Norte. No deserto de Atacama, ainda no Peru, mas na divisa com o Chile, entramos em uma grande e linda cidade, tipo Balneário Camboriú, chamada Tacna.
ESTRADA INTERNACIONAL PANAMERICANA ATRAVESSANDO O DESERTO DE ATACAMA.
Foto tirada de dentro do nosso carro. Passamos até por tempestade de areia.
Aprecie algumas fotos de Tacna.
TACNA – SUL DO PERU.
TACNA
Que bom gosto morar numa cidade como esta! A cidade inteira é um luxo!
TACNA À NOITE
Ói eu aí espiando a vida noturna!
Em um hotel no centro da cidade, a moça da recepção, que era a dona do estabelecimento, nos levou conhecer o último quarto ainda disponível. Tudo muito chique, com escadaria para uma bela piscina. O preço era razoável e resolvemos ficar ali naquela noite. Descemos até o balcão da recepção para preencher os documentos necessários para a estadia, e nesse meio-tempo entrou um casal de ingleses da Capital Londres que iniciou um bate-papo em Inglês com a dona do hotel. Observamos que enquanto o homem dizia uma palavra a mulher dizia três.
Minha avó de bicicleta! Como falava aquela mulher!
MULHER DO INGLES
Assim, passaram-se alguns minutos enquanto preenchíamos a ficha de entrada.
De repente, a dona do hotel disse-me:
– Senhor, tiene que cancelar su alojamento (quarto).
Cansado de dirigir durante um dia inteiro por um deserto escaldante, irritei-me e respondi:
¿Qué? Entonces eso significa que decidiste quitarles la habitación de aquí a los brasileños pobres y dársela a los ingleses ricos de allí, ¿verdad?
(- O quê? Cancelar o quarto? Quer dizer que a senhora decidiu tirá-lo de nós pobres brasilenhos e passá-lo para os ingleses riquinhos aí do lado, é?)
CELSO FERA.
Nesse instante, o senhor inglês tocou-me nos ombros e explicou calmamente:
“Senhor! Nós já estamos alojados!
A dona do hotel está pedindo para o senhor pagar a sua instalação no seu quarto. A palavra cancelar em Espanhol significa pagar em Português!“
Mas, vá cachimbar formigas prá lá de Cacha Pregos! Como poderia adivinhar que aquele senhor falava Inglês, Espanhol e também Português e sabe-se lá que escambau mais?
Me recompus, esperei passar a “vermelhice” do meu rosto e me desculpei:
–Sorry, sir. I admire your education. Congratulations on speaking Portuguese so well! (Perdão, Senhor! Admiro sua educação! Parabéns por falar tão bem o Português!)
A dona do hotel permaneceu impassível, apenas sorriu analisando cada um de nós dois.
Porém, carreguei essa vergonha comigo por vários dias.
Viu? Quem mandou eu me meter a Jacu rabudo!
Observação: O sujeito inglês pode dominar todas as línguas do mundo, menos uma: a da sua mulher faladeira!
Saibam, gente, que para um brasileiro falar Inglês é muito mais fácil do que inglês falar Português!
Depois dessa, prometi comer inteiro o primeiro dicionário que encontrasse pela frente!
Até agora foram duas vergonhas, mas Mariana disse que as outras ela mesmo conta. (ai, ai ,ai! Será que raios ela vai contar?).
Então, fica para a próxima
Obrigado! Um abraço de Celso e de Mariana!
——————————————————————————————————————–
Este tratorzinho de madeira é construído artesanalmente e leva 20 horas para ser feito. Trabalhado com esmero cuidado, apresenta características interessantes como volante que gira facilmente com várias camadas ao redor de um rolamento, relógios do painel imitando os verdadeiros, assento revestido de material de luxo (o tratorista merece, não é?), pedais e alavanca de câmbio, encaixes perfeitos com rebites, eixos de aço inoxidável, a escadinha de acesso do tratorista é um “brinco”, com corrimão e piso emborrachado para que o tratorista não resvale, os pneus são de correia dentada de automóvel, os faróis são peças extraídas de dentro de TV Smart (lindos), sua estrutura é tão reforçada que um adulto pode sentar em cima dele que não quebra (a não ser que o tal adulto pese 300 quilos ou mais…aí não podemos dar garantia de vida para o coitado do tratorzinho), é silencioso e roda com leveza. Aquela moeda verdadeira de um real inserida em um dos lados do motor indica o nome do trator: “REAL”. Tantos outros detalhes que a fotografia não mostra podem ser verificados ao vivo.
Em algumas praias é vendido facilmente por R$500.00. Aqui no planalto custa R$250.00.
Temos outros modelos de brinquedos resgatados do tempo em que os imigrantes os fabricavam por não haver brinquedos nas lojas para serem comprados. Exemplo: Carrossel, monjolo, helicóptero (naqueles tempos não havia esta aeronave, então criamos adaptações interessantes ao brinquedo dos europeus) e outros.