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Príncipe de Joinville III

nos aguardava a embarcação

Por Israel Minikovsky 17 min de leitura

No dia 1° de setembro de 2024 eu e minha família fizemos uma viagem de entretenimento. Contratamos os serviços de dona Rosina, e, logo no início da manhã, do referido domingo, embarcamos num micro-ônibus rumo a Joinville. Lá chegando, nos aguardava a embarcação de turismo Príncipe de Joinville III, com três pisos e capacidade para 417 pessoas. A primeira fotografia foi ainda no píer, antes de embarcarmos na nave. A fotógrafa, que ali estava, era uma mulher relativamente jovem e levemente morena, com sotaque castelhano. O passeio foi muito tranquilo, a embarcação tinha muita estabilidade, até porque navegamos apenas na baía (da Babitonga), sem adentramos ao mar aberto, onde se verificam ondas e outros tipos de movimentação de água. O almoço foi servido 11h30min, e não decepcionou ninguém, muito pelo contrário. Ficamos no terceiro piso, foi muito divertido. O banheiro tinha boa estrutura e ficava no primeiro piso. Havia coletes salva-vidas para todos, caso fosse necessário. A animação no interior da embarcação ficou por conta do Vilmar, tecladista, cantor, comediante, artista de profícuo talento, em resumo, alguém de personalidade inexcedível. Aportamos ao destino, a ilha de São Francisco. Antes que você, amável leitor, consulte o Google Maps, devo informá-lo de que São Francisco é uma ilha e parte do município fica na plataforma continental, mas a porção insular é maior do que a porção continental, ao menos hodiernamente, após a emancipação de antigos distritos, hoje municípios autônomos. Assim que desembarcamos, compramos uma passagem no trenzinho, dentro do qual observávamos o centro histórico, descrito e narrado pelo guia turístico. Em São Francisco do Sul está edificada a igreja mais antiga do Estado, dedicada a Nossa Senhora da Graça. Ela foi erigida no ano de 1665, originalmente sem torre. Por ali também fica uma igreja presbiteriana, que conta já com mais de um século. O Museu do Mar acha-se fechado, porque depois que pegou fogo, em 2018, num museu no Rio de Janeiro, foram adotados protocolos e normas técnicas de segurança, e o Município de São Francisco ainda não conseguiu adimplir todas as exigências. São Francisco do Sul faz remontar suas origens a 1504, ano em que o francês Binot Paulmier de Gonneville marcou presença no local. No Centro Histórico há em torno de uma centena e meia de imóveis tombados pelo IPHAN. No alto de uma colina paira um imponente hospital que foi edificado logo no início do século XX, mas que se encontra, atualmente, desativado. Outro local famoso é o leprosário. Até hoje as pessoas evitam o prédio, que está em ruínas, por acreditarem que o bacilo ainda pode estar alojado nos resquícios do ambiente. Dom Pedro II mandou edificar o leprosário, e para lá eram enviados os leprosos de toda Santa Catarina e do Rio de Janeiro. À época não havia cura, e as pessoas iam para lá para morrer. A doença hoje é conhecida como hanseníase. Na Bíblia há diversas referências a essa doença. Outro prédio com um simbolismo similar é a cadeia pública. Parece que, no passado, o crime compensava ainda menos do que hoje. São Francisco tem, hoje, em torno de 54 mil habitantes, mas na temporada pode chegar a 300 mil pessoas. O que puxa a economia do Município é o porto. A atividade portuária corresponde a aproximadamente 70% do PIB municipal. Muitas edificações de alvenaria empregaram concha moída, areia e gordura de baleia. E estão sendo aprovadas pelo teste do decurso do tempo. No passado o Município comercializava mandioca e erva-mate, mas a maioria das fazendas foi à falência com a abolição da escravatura. No Mercado Público é possível encontrar lembrancinhas do local da visitação. Muitos outros prédios são sobrados em que a parte superior serve de espaço residencial e embaixo funciona algum tipo de comércio. Uma importante linha ferroviária atravessa São Francisco, cumprindo sua missão histórica de movimentação de riquezas. O retorno pareceu ter sido bem mais breve do que a ida. Chamou-me a atenção a abundância de aves marinhas sobrevoando a superfície da água, denunciando a proficuidade de formas vitais písceas. Entrecruzam-se uma série de ecossistemas, como a marinha, o mangue, a Mata Atlântica, etc. Antes de desembarcarmos, o Mateus ainda pôde visitar a cabine de comando, segurando o timão, ostentando sobre a cabeça o quepe de ninguém menos do que o capitão. Deu-nos o ar da graça, a Bianca, que foi premiada pela tia Sônia com o passeio, por ocasião do seu aniversário. Já no alto da serra, voltamos à pressão atmosférica com que nossos ouvidos estão acostumados, com a impressão de que fizemos não só uma viagem de um lugar para outro, mas do século XXI para seus antecessores, a principiar pelo século XVI. A viagem foi divertida, enriquecedora em vários aspectos e de muita luz!