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REVOLUÇÃO FEDERALISTA 31

15/10/2014 POR HENRIQUE FENDRICH HENRIQUE FENDRICH Dr. Wolff e a Revolução Federalista Publicado na Folha do Norte de 29.04.2014. O célebre Dr. Philipp Maria Wolff, primeiro médico de São Bento e que hoje empresta o seu nome ao Museu Municipal que era a sua casa e farmácia, deixou escrito o testemunho de sua participação no Cerco […]

Por Jornal Liberdade 8 min de leitura

15/10/2014 POR HENRIQUE FENDRICH

HENRIQUE FENDRICH

Dr. Wolff e a Revolução Federalista

Publicado na Folha do Norte de 29.04.2014.

O célebre Dr. Philipp Maria Wolff, primeiro médico de São Bento e que hoje empresta o seu nome ao Museu Municipal que era a sua casa e farmácia, deixou escrito o testemunho de sua participação no Cerco da Lapa, último episódio daquela que ficou conhecida como a Revolução Federalista, no ano de 1894. Anos mais tarde o médico Godofredo Lutz Luce, que também clinicou em São Bento, passou esses escritos do alemão para o português. E, posteriormente, o historiador paranaense Francisco Brito de Lacerda transcreveu a maior parte deste diário no livro “Cerco da Lapa – Do Começo ao Fim”, permitindo assim que mais pessoas tivessem conhecimento da visão do Dr. Wolff sobre o conflito.

Segundo Lacerda, o médico participou da Revolução em razão das circunstâncias e das suas ligações com o Lauro Müller. O diário começa aos 31.10.1893. Antes de seguir com as tropas legalistas o médico exortou os colonos a levarem o gado para bem longe, evitando que fosse saqueado pelos federalistas. De Rio Negro, os legalistas partiram para a Lapa, onde o conflito se resolveria, conforme se verá. O Dr. Wolff passou por momentos difíceis: dormindo em sacos de erva mate; impossibilitado de tirar as suas botas por dias seguidos; sentindo-se deslocado em meio aos rudes homens que faziam a guerra; sobrecarregado com o atendimento de feridos; caminhando sob o fogo dos federalistas enquanto se deslocava para atender seus pacientes; vendo granadas voarem sobre sua cabeça e explodirem a poucos metros; comendo mal e pouco; sentindo dores agudas nos rins e na bexiga e não conseguindo dormir; e sentindo muita saudade da sua filha Toni, e temendo que algo de mal lhe acontecesse.

Apesar de o Dr. Wolff como ser humano se mostrar egocêntrico, como médico foi de grande valia para salvar vidas com o risco da própria vida e, para muitos, foi um verdadeiro herói, não aquele que mata e que alguns consideram heróis, mas o que salva vidas. Vários historiadores atestam que os defeitos do Dr. Wolff que era colérico, sabia ser desagradável e descarregava sua ira contra inimigos políticos, foram anulados pelo seu heroísmo. Na próxima edição relataremos os primeiros trechos do diário do Dr. Wolff na revolução.

Obrigado! Um abraço de Celso e outro de Mariana!