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REVOLUÇÃO FEDERALISTA 32.

Seguindo o curso desta história macabra, publicamos os relatos de HENRIQUE FENDRICH, publicado na Folha do Norte de 06.05.2014, sobre o Dr. Wolff que acompanhou os regimentos militares republicanos no Cerco da Lapa. Veja o que diz Henrique: Na Lapa, o General Argollo foi substituído no comando das tropas pelo General Carneiro. Naquela cidade se desenrolaram […]

Por Jornal Liberdade 7 min de leitura

Seguindo o curso desta história macabra, publicamos os relatos de HENRIQUE FENDRICH, publicado na Folha do Norte de 06.05.2014, sobre o Dr. Wolff que acompanhou os regimentos militares republicanos no Cerco da Lapa. Veja o que diz Henrique:

Na Lapa, o General Argollo foi substituído no comando das tropas pelo General Carneiro. Naquela cidade se desenrolaram os acontecimentos sangrentos da Revolução Federalista. Não foram dias fáceis para o Dr. Wolff, pelo que se depreende das anotações de seu diário sobre o episódio, transcrito em parte por Francisco Brito de Lacerda. Nele encontramos o Dr. Wolff sobrecarregado com o atendimento dos feridos, caminhando sob o fogo dos inimigos, vendo granadas voarem sobre a sua cabeça e explodirem a poucos metros. Em dado momento, o médico observou: “Isto não é mais uma guerra! É um extermínio, uma caça às feras! Onde aparece uma cabeça, um peito, onde alguém faz um movimento, onde um homem se deixa ver, em sua direção é feita a pontaria e o tiro”.

DR. WOLFF NA LAPA. O homem mais à frente, de túnica branca, óculos e bigode branco é o Dr. Wolff.

Em outra parte do diário há um desabafo bastante pungente do médico, que dizia não aguentar mais aquela vida e que as suas forças estavam diminuindo. E não era apenas pelo serviço, em que achava faltar método, calma e asseio, mas também por outras dificuldades como a lama, a comida má e irregular, as noites sem sono, as pulgas e os piolhos, a rudeza dos homens de guerra. Lamentava ser posto naquela situação numa idade em que precisava de descanso e cuidados (já estava com 58 anos). Para piorar, ainda sentia saudades e temia pelo que podia acontecer à sua filha Toni. Ansiava por roupas simples, casa limpa, comida saudável, conversa franca e uma cama boa.

Em fevereiro de 1894, os governistas enfim foram derrotados e o nome do Dr. Wolff consta na ata de capitulação da Lapa. Ainda continuou tratando de feridos depois disso, mas, ao contrário do que temia, os federalistas não o obrigaram acompanhar em sua marcha rumo à Curitiba.

LAPA, CIDADE TRANQUILA, VIROU ARENA SANGRENTA.

(CONTINUA).