Trump voltou!
Donald Trump foi o quadragésimo quinto presidente dos Estados Unidos. Na sequência, perdeu para Joe Biden, e, recentemente, venceu Kamala Harris, voltando ao cargo político máximo do Ocidente, emplacando mais um mandato presidencial, vindo a ser o quadragésimo sétimo presidente da história do seu país. Suposto amigo de Vladimir Putin, existe a expectativa de que […]
Por Israel Minikovsky 16 min de leitura
Donald Trump foi o quadragésimo quinto presidente dos Estados Unidos. Na sequência, perdeu para Joe Biden, e, recentemente, venceu Kamala Harris, voltando ao cargo político máximo do Ocidente, emplacando mais um mandato presidencial, vindo a ser o quadragésimo sétimo presidente da história do seu país. Suposto amigo de Vladimir Putin, existe a expectativa de que a Ucrânia e o Ocidente abdiquem de suas pretensões, dando a vitória à Rússia, estancando o morticínio posto em marcha desde que o conflito começou. Bem outra situação será para o conflito israelopalestino. Trump no poder agrava a situação dos palestinos, que já não é nem um pouco fácil. Não por coincidência, Benjamin Netanyahu foi o primeiro chefe de Estado a cumprimentar Trump pela vitória. Economicamente há reflexos positivos com a eleição de Trump. Afinal, o mercado quer uma pessoa como Trump, por mais que, politicamente, ele seja um retrocesso. O dólar não inflacionado é melhor para os Estados Unidos da América e para o mundo. A vitória de Trump também é, ou é em primeiro plano, a vitória dos super-ricos. Elon Musk, trilionário, foi o homem forte na promoção e campanha de Trump. O amável leitor pode crer que, o milhão de dólares sorteado por Musk entre o eleitorado republicano, diariamente, custou menos do que custaria um centavo para nós, os mortais. De toda forma, neste exato momento, os Estados Unidos da América estão investindo R$ 3,5 bilhões na construção de sua embaixada em Brasília, com nove andares subterrâneos. A magnitude do investimento mostra que, independente de quem esteja no governo, cá ou lá, há um interesse recíproco e correspondido. Trump é restabelecido como chefe do Executivo ianque num momento de ascensão da extrema-direita no mundo, o que é contrabalançado com o resultado nas urnas, que apontou uma concorrência apertada e uma diferença irrisória. Trump instigou tentativa de golpe aquando da vitória de Biden, e em vários momentos desrespeitou institutos democráticos, o que, covardemente, foi replicado no Brasil, com Bolsonaro, num processo eleitoral e social análogo. Fica, então, a pergunta: Estados Unidos, a maior democracia do planeta? Aos setenta e oito anos, Trump bateu a marca de presidente estadunidense mais idoso já eleito, superando a marca anterior de Biden. Aqui no Brasil, em que o Chefe do Executivo Federal é Lula, o maior líder popular da história de nossa nação, sopramos velas ao petista que, dias atrás, completou setenta e nove anos. O eleitorado ianque jogou uma pá de terra em cima da utopia. O cidadão norte-americano continuará sujeito a se deparar com a infelicidade de se acidentar ou contrair uma moléstia, dar entrada em um hospital, e sair de lá com uma dívida do tamanho de uma avalanche. Por esses dias, lia eu, uma matéria informando que, o tratamento de um câncer não agressivo, no país mais rico do mundo, pode redundar em US$ 500 mil, ao passo que, uma empresa que comercializou produtos cancerígenos, em desfavor de toda a coletividade, sofreu aplicação de multa por essa razão, que não transcendeu US$ 400 mil. Tem lógica? Tem ética? Pelo visto, os idealistas não têm muito o que comemorar. Lado outro, fato é que Trump no governo traz aquele mínimo de estabilidade institucional global, imprescindível à viabilidade e ao crescimento da economia planetária. Com Trump, os Estados Unidos não ficarão desconectados do globo, até porque o capitalismo é um sistema econômico mundializado, mas, com certeza, os seus interesses particulares serão preconizados em face da boa diplomacia, de sorte que os demais países passarão a ser, apenas, “o resto do mundo”. No plano internacional, Trump terá de se deparar com a agressiva inovação tecnológica oriunda da China, o que pressiona fortemente as velhas economias de ponta da Europa, do que a Alemanha é o melhor exemplo, e a norte-americana, além da coligação do BRICS, substituindo o dólar como moeda de troca internacional por outras, malferindo a hegemonia das cédulas verdinhas. Ao que parece, ao menos internamente, Trump não terá dificuldade de fazer passar seus interesses pelo Legislativo, pois ficará respaldado pelo Congresso, e obteve maioria no Senado. Muito embora saibamos que, tanto democratas quanto republicanos, sejam capitalistas, Trump pintou satanás na parede e disse “isso é comunismo”, e, para completar o silogismo, iterou que os democratas são comunistas. Como toque final, para além do fantasma do comunismo, assegurou que faria “a América grande outra vez”. E não é que deu certo?