Vanessa da Rosa fala ao Jornal Liberdade sobre assumir o plenário e se tornar a segunda deputada negra da história de SC
O mandato de Vanessa é um marco histórico que abre espaço para a mulher negra dentro do plenário.
Por Cauan 13 min de leitura
No dia 20 de outubro, iniciou o mandato temporário da Deputada Estadual, candidata eleita Vanessa da Rosa (PT). Vanessa é a segunda mulher negra a participar da Assembleia Legislativa em Santa Catarina, após Antonieta de Barros que conquistou seu lugar na história do estado como a primeira mulher negra a se tornar deputada estadual em 1934.
Vanessa já tem uma grande história na política e na educação, ela considera que política seja algo que ela pratica o tempo todo, desde que nasceu constituiu-se como um ser político. Vanessa iniciou na educação atuando na educação infantil, e logo passou para supervisão da educação infantil, supervisão da educação de jovens e adultos, foi professora durante muitos anos no Bom Jesus nos cursos de Jornalismo, Publicidade e Propaganda, Enfermagem, Turismo, Pedagogia, em diversas instituições. Vanessa é Mestre em Educação pela UFSC, e foi secretária de educação de Joinville em 2012.
Quanto a todos os cargos que Vanessa já ocupou ela afirma ter sempre enfrentado o preconceito pela cor de sua pele. “Eu posso dizer que em todos os espaços que eu ocupei, eu sempre fui a minoria, como professora universitária, de ensino médio, minoria na faculdade, sempre houve pouquíssimas mulheres negras nesses espaços que eu ocupei. Como Secretária da Educação de Joinville foi muito desafiador, porque se trata da maior cidade do estado, da maior rede de ensino de Santa Catarina, que sempre teve nesse cargo homens, houve somente uma mulher, e nenhuma mulher negra. Isso causa estranheza porque não é comum encontrarmos mulheres negras nesses espaços de produção de conhecimento, uma vez que nossa intelectualidade sempre foi questionada ao longo da história, o povo negro sempre teve sua inteligência questionada, essa era uma das justificativas das teorias racistas, e por isso elas se perpetuaram por tanto tempo. Mais especificamente no Brasil, com quase 400 anos de escravidão, e depois disso de uma liberdade forjada, onde temos que provar o tempo todo que detemos conhecimento, pois não nos é dado o direito ao erro. Como secretária da educação eu causava estranheza nos lugares por onde passava, só reconheciam meu cargo se eu apresentasse meu cartão. Conforme eu discursava em cerimônias que participava fui me consolidando como Professora Vanessa da Rosa, secretária de educação de Joinville, município que cultua com tanta veemência as tradições germânicas, teve uma secretária de educação negra, isso é muito representativo, eu já era filiada do Partido dos Trabalhadores, e foi uma experiência muito intensa.” Afirma a deputada. Vanessa sempre se destacou entre os demais pelo excelente trabalho que apresentava, e sempre ocupou cargos de liderança, sempre esteve à frente de pessoas, a acredita que dessa forma se constituiu atuante na política e trazendo no seu ímpeto essa vontade de politizar as pessoas. Vanessa considera que é importante desmistificar a política dessa ideia que existe de que a política é algo ruim, pois para a deputada a política é um espaço privilegiado, e fica feliz por vivermos em uma democracia, e entende que sua participação é importante pois todos devem se sentir representados na política, já que é a política que move uma sociedade. Até o ano de 2022, Vanessa não tinha concorrido a algum cargo eletivo, até receber a proposta do PT, de tentar um cargo na assembleia legislativa, e apesar do receio na exposição que se tornaria sua vida, Vanessa optou por aceitar o desafio e conquistar esse espaço na intenção de mudar essa realidade de ser sempre a minoria sub-representada.
Por: Raine Bayerl